Violência familiar na infância: fator de risco para envolvimento em violência juvenil?

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Faus, Daniela Porto
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Instituto de Medicina Social
BR
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/4407
Resumo: A violência contra a criança é um problema de Saúde Pública em todo o mundo por sua magnitude e sérias consequências. Estudos anteriores sugerem que adolescentes vítimas de violência na infância são mais propensos a se envolver em situações de violência durante a adolescência e juventude (Violência Juvenil - VJ). Apesar da crescente literatura sobre o tema, ainda são poucos os estudos que investigam se o nível de violência comunitária a que o adolescente é exposto ao longo de sua vida tem influência sobre as relações entre violência na infância e violência juvenil. Esta pesquisa pretende explorar o tema. O objetivo principal desta dissertação foi investigar o efeito conjunto da violência na infância e violência comunitária para o envolvimento do adolescente em VJ. Trata-se de um estudo seccional de base escolar (n=720) realizado na cidade do Rio de Janeiro. A seleção de participantes foi realizada através de amostragem complexa, estratificada por tipo de gestão da escola e turno. No total foram incluídas 12 escolas da região. A coleta de dados foi realizada de setembro de 2016 a fevereiro de 2017. As informações foram coletadas através de questionário multidimensional de autopreenchimento. A violência familiar na infância foi identificada utilizando-se o Childhood Trauma Questionnaire (CTQ). O envolvimento em VJ foi mensurado através de itens que abordavam o envolvimento do adolescente com amigos que tenham praticado atos de violência. A exposição à violência comunitária foi avaliada no nível individual e para isso perguntou-se ao adolescente se viu o corpo de alguém assassinado. Para a estimação dos efeitos ajustados das diferentes violências na infância na presença e ausência de violência comunitária, foram elaborados modelos logísticos multivariados. A análise de dados foi realizada no programa R versão 3.3.3, utilizando-se o pacote Survey. Dentre os resultados encontrados, ressalta-se as altas magnitudes de coocorrência de violências familiares e violência comunitária. O abuso emocional na infância foi a violência familiar que mais aumentou a chance de envolvimento do indivíduo em VJ, tanto na ausência de violência comunitária (OR=3,31; IC95%: 1,79-6,12), quanto na presença da mesma (OR=5,66; IC95%: 3,4-9,2). A violência sexual também aumentou a chance de envolvimento em violência tanto quando associada à violência comunitária (OR= 4,76; IC95%: 1,46-15,46), quanto sozinha (OR=2,27; IC95%: 1,17-4,49). A violência física contra a criança só se mostrou fator de risco para o envolvimento em VJ quando associada à experiência de violência comunitária ao longo da vida (OR=3,92; IC95%:2,31-6,65). Tanto a negligência emocional (OR=1,54 IC95%:1,01-2,34), quanto física na infância (OR=2,42; IC95%: 1,32-4,46) se mostraram fatores de risco para o envolvimento em VJ. Tais achados chamam a atenção para a relevância das diferentes manifestações da violência e para a necessidade de se incorporar políticas de prevenção e combate à violência na infância para a redução da VJ em áreas com altos índices de violência comunitária.