Anquetil-Duperron e a tradição literal: o locus da tradução latina das upanisad no debate tradicional sobre linguagem e tradução

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2006
Autor(a) principal: Aprigliano, Adriano
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-29122022-115659/
Resumo: A tradução de Anquetil-Duperron de 50 Upanisad - Oupnek\'hat, id est, secretum tegendum (1801-2) -, feita a partir de uma versão indo-persa do séc. XVII, é o motor de um estudo que se divide em três partes. Na primeira delas, procura-se construir, sobre as bases da teoria semiótica, um modelo que sustente uma abordagem imanente do texto traduzido e explicar, sob a mesma perspectiva, a flutuação que afeta a recepção dos valores textuais, numa dada tradição. Busca-se, ademais, fundar a concepção de gênero de discurso sobre essa mesma base teórica, prevendo-se a necessidade de revisar os metadiscursos tradicionais que trataram, no Ocidente, a constituição e a exegese discursiva. Na segunda parte, os pressupostos teóricos se concretizam na construção da hipótese específica, que pretende verificar como se articulam, nos planos do discurso, as propriedades semióticas e semiológicas do modelo tradicional utilizado por Duperron, a saber ad uerbum (literal ou palavra por palavra). Tal procedimento visa estabelecer critérios que selecionem os metadiscursos a serem posteriormente analisados. O percurso da análise tem início no estabelecimento de um plano epifenomênico (ou de enunciação) que é o reflexo de duas concepções de linguagem que têm dirigido a construção discursiva ocidental: a filosófica e a retórica. Analisa-se a construção dessa cisão especialmente por passagens do De oratore (I. a.C.), de Cícero. Sobre esse plano de semiose, constrói-se, em imagem espelhada, o plano da práxis tradutória, que secciona seus caminhos nas rubricas ad sensum e ad uerbum. Os textos analisados são, agora, os discursos considerados fundadores da tradutologia ocidental: o também ciceroniano De optimo ) genere oratorum (I. a.C.), e a Epistula de optimo genere interpretandi (IV d.C.), de S. Jerônimo. Insere-se, por fim, na discussão uma terceira concepção de signo que se separa do plano humano do discurso, constituindo-se em dimensão fechada e icônica, regida pelas concepções cristãs de divindade. Aqui são analisadas, na esteira dos fundamentos que Jerônimo estabelecera, passagens das Confissões e do De doctrina christiana (IV/V d.C.) de S. Agostinho, que reconfiguram a organização da semiose tradicional a partir da órbita central que contem o saber sagrado ou revelado, i.e., o corpus bíblico. Na terceira parte, diante do quadro estabelecido pelos metadiscursos tradicionais, analisam-se passagens da obra de Duperron, especialmente da Dissertatio (Dissertação) e das Annotationes (notas), na tentativa de reconstituir as propriedades que lhe dão estatuto de gênero de discurso e de refuncionalizar a relação do modelo tradutor ad uerbum com as propriedades redescobertas. O trabalho conta, ainda, três anexos, o primeiro deles apresenta a colação entre os textos sânscrito, persa e latino de dois trechos da Chãndogyopanisad, tratados na terceira parte; os seguintes apresentam o texto latino e a tradução do prefácio do Oupnek\'hat