Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Freitag, Patrícia Helena |
Orientador(a): |
Finger, Ingrid |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/205471
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Resumo: |
As funções executivas (FEs) são mecanismos cognitivos que regulam o desempenho dos indivíduos em tarefas complexas. Um paradigma importante de pesquisa no bilinguismo envolve a noção de vantagem cognitiva, na qual experiências bilíngues específicas resultam na adaptação de determinadas FEs. Os tradutores se diferenciam dos demais bilíngues por manterem suas línguas ativadas por longos períodos, tendo que controlá-las de maneira específica, o que impõe alta demanda cognitiva. Pressupõe-se aqui que as FEs têm relação com o desempenho tradutório. O objetivo desta pesquisa foi investigar a relação entre literalidade na tradução em textos do inglês para o português, FEs e experiência tradutória em um grupo de tradutores. As FEs investigadas foram: updating (atualização das informações na memória de trabalho), controle inibitório (inibição de respostas automáticas) e shifting (alternância entre regras). Os aspectos da experiência tradutória investigados foram: tempo de experiência, tempo de empresa e dedicação semanal. Participaram da pesquisa 49 tradutores com diferentes níveis de experiência tradutória, que preencheram um Questionário de Histórico da Linguagem e Atividade Tradutória e realizaram as tarefas Letter Memory (updating), Stroop (controle inibitório), Number-Letter (shifting) e uma Tarefa de Tradução com combinações convencionais em inglês cuja tradução literal não era a possibilidade mais convencional em português. Esta pesquisa se baseou no pressuposto de que a capacidade de updating está associada ao monitoramento das duas línguas do tradutor, o controle inibitório está associado à inibição das estruturas do inglês durante a escrita do texto-alvo em português, e shifting está associado à capacidade de alternar entre os sistemas linguísticos das duas línguas durante a realização da tradução. Como hipóteses da pesquisa, previa-se que tradutores com melhor desempenho nas tarefas de updating, controle inibitório e shifting utilizariam combinações mais convencionais e menos literais nas traduções. Investigou-se, ainda, se essas FEs e variáveis de experiência tradutória poderiam explicar o grau de literalidade em tradução. A análise estatística não revelou associação entre updating e literalidade nem entre controle inibitório e literalidade, mas revelou associação entre shifting e literalidade, que se deu no sentido contrário à expectativa, ou seja, houve associação entre melhor habilidade de shifting e traduções com maior grau de literalidade. Esses resultados podem indicar que os tradutores não alternam entre as línguas de trabalho, mas as mantêm constantemente ativadas e as controlam de maneiras específicas. Quanto à experiência tradutória, a análise estatística não revelou associação significativa entre tempo de experiência e literalidade, mas revelou associação entre tempo de empresa e literalidade e entre dedicação semanal e literalidade, o que sugere que experiências recentes e intensas no contexto da tradução parecem impactar em maior grau o desempenho tradutório em comparação com experiências mais antigas. Constatou-se também que um modelo de regressão com as FEs e variáveis de experiência tradutória explicou 43% da variação na literalidade com significância estatística, apesar de apenas uma das variáveis ter contribuído significativamente para o modelo. Essa pesquisa colabora para o entendimento dos fatores que influenciam no uso de convencionalidade e literalidade na tradução por um viés cognitivo. |