Propriedades biológicas, digestão in vitro e transporte celular de duas frutas nativas da Mata Atlântica: Cambuci e Uvaia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Batista, Pollyanna Souza
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11141/tde-14032024-164410/
Resumo: Nas últimas décadas, observa-se um crescente interesse no meio científico em caracterizar e estudar as propriedades biológicas e nutricionais das frutas nativas do Brasil, visando sua inclusão na dieta da população. No entanto, é essencial compreender se os compostos bioativos presentes nessas frutas são efetivamente bioacessíveis e disponíveis para o organismo, uma vez que o processo digestivo pode degradá-los ou modificá-los. Nesse contexto, este estudo teve como objetivo geral avaliar o efeito da digestão in vitro de duas frutas nativas, o Cambuci (Campomanesia phaea) e a Uvaia (Eugenia pyriformis Cambess), sobre suas propriedades biológicas. Foi realizada a digestão in vitro das frutas pelo método INFOGEST, seguida pelo transporte epitelial em células Caco-2. Posteriormente, avaliou-se o extrato, a fração bioacessível e as frações transportadas quanto às atividades anti-inflamatória e antioxidante celular (AAC), desativação de espécies reativas de oxigênio (ERO) e identificou-se os compostos fenólicos presentes pela análise em LC-ESI-IT-MS/MS. Além disso, foi conduzida uma simulação de digestão da Uvaia reconstituída e dos produtos emulsionados, analisando o efeito da presença de lipídeos na bioacessibilidade do β-caroteno. Quanto à AAC, as concentrações eficazes para redução de 50% de fluoresceína (EC50) foram de 17,91±0,3 mg/mL para o Cambuci e 20,3±0,56 mg/mL para a Uvaia. As frações digeridas e basolaterais de ambas as frutas, quando utilizadas em concentrações superiores a 200 μg/mL, demonstraram a capacidade de reduzir a via inflamatória NF-kB, bem como as citocinas TNF-α e quimiocina CXCL2/MIP-2. Em relação às atividades antioxidantes, ambas as frutas exibiram a capacidade de desativar ERO, inclusive após a digestão in vitro e o transporte através das células Caco-2. Na Uvaia foram identificados compostos fenólicos como o ácido elágico, o ácido tri-Ometilelágico, derivados de ácido cumárico, ácido 4\'-O-metilelágico 3-(2 ,3 -di-O-acetil)--Lramnosídeo, quercetina-3-O-pentosídeo e quercetina-galoil-ramnosídeo, entre outros. Após a digestão e transporte celular, foram identificados o ácido málico e o ácido cinâmico na Uvaia. No Cambuci, foram identificados kaempferol 7-O-hexuronida, quercetina-galoil-ramnosídeo, ácido cafeico-hexose-desoxihexose, ácido 3,7-O-diferuloil-4-O-cafeoil quínico, ácido tricafeoilquínico, 1,2,6-Tri-O-galloyl-β-D-glucose, e dímero de Procianidina B. Além disso, o ácido quínico foi identificado na fração digerida e basolateral do Cambuci. Quanto à toxicidade em larvas de Galleria mellonella, a Uvaia não demonstrou toxicidade, enquanto o Cambuci apresentou EC50 de 136,0 g/Kg. Quanto a bioacessibilidade do β-caroteno em produtos emulsionados, o derivado da Uvaia incorporado à emulsão contendo 17,0% de óleo de soja exibiu uma bioacessibilidade de 16,9%, em contraste com os 10,7% observados na Uvaia reconstituída. Esse resultado ressalta que a presença de lipídeos promoveu a micelarização do β-caroteno. Assim, tanto a Uvaia quanto o Cambuci demonstraram possuir propriedades bioativas significativas, mesmo após a simulação do processo digestivo e o transporte através da barreira intestinal, destacando-se como importantes frutas nativas brasileiras com potencial impacto positivo na saúde dos consumidores.