A teia do abuso sexual e sua relação com a posição feminina

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Domingues, Maria Beatriz Bueno
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47131/tde-12082021-174142/
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo desenvolver uma leitura psicanalítica da violência do abuso sexual em articulação à posição feminina. Mais especificamente, pretendemos preservar o caráter multifacetado do abuso sexual e explorar uma dimensão ampla do fenômeno, a das violências direcionadas à mulher - que ultrapassa o corpo biológico e diz respeito a um amplo espectro que vamos tematizar nos âmbitos do que se define como \"feminino\" e \"feminilidade\". A estratégia metodológica empenhada teve como ponto de partida a delimitação, segundo uma proposta gestáltica, de um campo no qual se insere o nosso tema central, o abuso sexual. Essa perspectiva nos permite considerar os múltiplos elementos que compõem a configuração desse campo e, no tocante ao fenômeno do abuso sexual, dá suporte metodológico à ideia de teia: um complexo emaranhado de fios, muito entrelaçados entre si e, por vezes, quase indistinguíveis, mas que somente juntos, em interação uns com os outros, formam os nós e enroscos que marcam as cenas de abuso sexual. Para cumprir os objetivos propostos, apoiamo-nos, principalmente, na obra freudiana, nos trabalhos de Sándor Ferenczi e em produções de comentadores contemporâneos. O trabalho resultante consiste em uma pesquisa teórica construída a partir de casos clínicos e filmes, e organizada em dois eixos centrais: o caráter traumático do abuso sexual e a posição feminina. Notamos que uma frequente saída diante do trauma do abuso sexual é a repetição, que engendra um tipo de funcionamento psíquico que leva o sujeito a ocupar, em relações posteriores, uma posição subjetiva passiva, de alguém que está sujeito a agressões - posição esta que é, frequentemente, nomeada na psicanálise, especialmente freudiana, de \"posição feminina\". Buscamos construir uma leitura alternativa desse conceito central, direcionada à composição de um campo teórico que, ao tratar de sujeitos abusados, englobe também a possibilidade de apropriação do próprio corpo. O caminho traçado pelo emaranhado de fios conduz a uma concepção de posição feminina e de feminilidade que permite a sustentação da falta, construindo subjetividades menos enrijecidas pelos ideais fálicos. Por fim, não buscamos esgotar o tema, mas apresentamos seu movimento de ampliação em teia que, no encerramento do trabalho, ganha cada vez mais ramificações