Pesquisa e intervenção em comunidades tradicionais: um estudo sobre o resgate crítico-reflexivo da memória coletiva

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Souza, Lais Gonçalves de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47134/tde-10072024-174645/
Resumo: O objetivo desta tese é discutir como o resgate crítico-reflexivo da memória coletiva de uma comunidade pode contribuir para o fortalecimento dos vínculos sociais, comunitários e intergeracionais estabelecidos entre os(as) descendentes que vivem dentro e fora do território onde ela se encontra assentada. Para alcançar esse propósito, realizamos um estudo qualitativo exploratório, a partir do referencial teórico-metodológico de autores(as) da psicologia social comunitária latino-americana, como Silvia Lane, Maritza Montero e Orlando Fals Borda, na comunidade remanescente de quilombos de Ilha Funda, situada na zona rural do município de Periquito, na região do Vale do Rio Doce em Minas Gerais. Essa comunidade foi escolhida como lócus deste estudo, em razão dos diálogos que estabelecemos com seus membros(as) desde 2019, sem o qual não seria possível construir uma relação de pesquisa baseada em vínculos de afeto e confiança, que é uma condição sine qua non para o desenvolvimento do trabalho comunitário e para a abordagem da memória. Tal pesquisa justificou-se pela necessidade de compreender como o estudo da memória coletiva de comunidades tradicionais, por meio da utilização de metodologias participativas, poderia contribuir para fomentar processos sociais de enraizamento, dar visibilidade para as suas lutas coletivas e fortalecer narrativas contra-hegemônicas. Por isso, utilizamos como sistema de ação para investigar e intervir nessa realidade empiricamente localizada o método da história oral, com a realização de 20 entrevistas temáticas e semiestruturadas com participantes que vivem e/ou viveram parte de sua vida em Ilha Funda. A análise dessas narrativas permitiu identificarmos formas de organização social da comunidade, processos sociais de desenraizamentos desencadeados pelo avanço de empreendimentos capitalistas sobre a região do Vale do Rio Doce e estratégias de luta e resistência da comunidade para defender seus modos de vida e territórios. Por fim, concluímos que esta pesquisa possibilitou aprofundarmos nossos conhecimentos sobre o fenômeno do (des)enraizamento, a partir do estudo de um caso concreto, ao passo que os procedimentos metodológicos permitiram fomentar processos sociais de enraizamento enquanto realizávamos as entrevistas e discutíamos os resultados coletivamente com a comunidade.