Prevalência e características da disfunção cardiovascular em pacientes sobreviventes de linfoma

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Silva, Thiago Liguori Feliciano da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5131/tde-02052023-142725/
Resumo: Introdução: pacientes com linfoma apresentam elevada taxa de complicações cardiovasculares durante e após o tratamento. As possíveis causas envolvidas são a maior ocorrência de fatores de risco cardiovascular nesses pacientes, além da cardiotoxicidade de tratamentos comumente utilizados como a radioterapia, quimioterapia e possíveis interações entre a doença linfoproliferativa e o sistema cardiovascular. Mesmo anos após a remissão da doença, postula-se que os pacientes sobreviventes de linfoma ainda tenham maior risco de doença cardiovascular. O objetivo deste estudo é avaliar a prevalência e as características da disfunção cardiovascular relacionada ao tratamento contra o câncer (CTR-CD) em pacientes sobreviventes de linfoma. Métodos: estudo prospectivo observacional que incluiu 87 pacientes com linfoma de hodgkin e linfoma não-hodgkin em remissão clínica por pelo menos 24 meses, sem doença cardiovascular prévia ao diagnóstico oncológico e que foram tratados com doxorrubicina em dose superior a 240 mg/m². Foram realizados avaliação clínica, exames laboratoriais e exames de imagem, como o ecocardiograma transtorácico e angiotomografia de coronárias. Foi denominada disfunção cardiovascular tardia a presença de um ou mais dos seguintes: a) queda da FEVE 10% em relação ao exame basal, b) detecção de lesão obstrutiva coronária maior que 50% ou c) complicações cardiovasculares novas como tromboembolismo venoso, insuficiência cardiaca, hipertensão arterial sistêmica, arritmia, doença valvar ou doença coronária. Foi feita análise comparativa com grupo controle pareado por características demográficas. Resultados: em um período médio de 48 meses após o tratamento, a disfunção cardiovascular tardia foi detectada em 27 (31,0%) dos pacientes analisados. A redução da FEVE 10% ocorreu em 15 sobreviventes (17,2%), lesões coronarianas com obstrução maior que 50% foram detectadas em 12 sobreviventes (13,7%) e complicações cardiovasculares novas em 4 sobreviventes (4,5%). A fração de ejeção pelo ecocardiograma reduziu de 65,22% ± 5,13% para 62,69% ± 6,74% (P = 0,002) e houve um aumento na média dos seguintes parâmetros: septo interventricular (0,90 cm ± 0,11 cm para 0,93 cm ± 0,11 cm, P = 0,028); parede posterior de ventrículo esquerdo (0,86 cm ± 0,11 cm para 0,90 cm ± 0,11 cm, P = 0,010); diâmetro diastólico do ventrículo esquerdo (4,59 cm ± 0,42 cm para 4,79 cm ± 0,50 cm, P < 0,001) e diâmetro sistólico do ventrículo esquerdo (2,95 cm ± 0,35 cm para 3,14 cm ± 0,49 cm, P < 0,001). Não houve diferença nas características demográficas, hábitos de vida, doenças prévias ou biomarcadores entre os grupos com e sem disfunção cardiovascular. A avaliação pela angiotomografia das artérias coronárias não mostrou diferença significante no número e gravidade das lesões quando comparados os sobreviventes de linfoma com uma população previamente saudável pareada para idade e sexo. Conclusão: os sobreviventes apresentam redução média da FEVE e aumento do diâmetro em câmaras esquerdas, porém não foram detectados fatores de risco clínicosdemográficos, alterações na dosagem de biomarcadores ou em exames de imagem associados a ocorrência de disfunção cardiovascular relacionada ao tratamento do câncer