O efeito da ivabradina na prevenção da disfunção cardiovascular relacionada à antraciclina: estudo clínico randomizado

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Rizk, Stephanie Itala
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5131/tde-22052024-140427/
Resumo: Introdução: A disfunção cardiovascular relacionada à terapia do câncer (DCRTC) ou cardiotoxicidade é uma complicação frequente em pacientes tratados com antraciclina (ANT). Estudos anteriores avaliaram o possível papel de fármacos na prevenção da DCRTC, porém sem eficácia definida. A ivabradina reduz seletivamente a frequência cardíaca por meio da inibição do canal If, sem alterar a contratilidade miocárdica. Ela também tem demonstrado efeitos anti-remodelamento em estudos experimentais por mecanismos antifibróticos, anti-inflamatórios, antioxidantes e anti-apoptóticos. Objetivos: Avaliar o efeito da ivabradina na incidência de DCRTC em pacientes com linfoma ou sarcoma tratados com ANT. Métodos: Trata-se de um estudo prospectivo, randomizado, paralelo e duplo-cego. O estudo foi conduzido no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, entre 2019 e 2022. Pacientes consecutivos (n=160) com o diagnóstico de linfoma ou sarcoma com indicação de tratamento com ANT foram elegíveis; a análise foi por intenção de tratar. Pacientes foram randomicamente alocados para receberem ivabradina 5 mg de 12/12h ou placebo, durante o tratamento com ANT, estendendo a terapia por 30 dias após o término da quimioterapia (QTx). O desfecho primário foi a redução relativa em pelo menos 10% do strain longitudinal global (GLS) em 12 meses. Os desfechos secundários incluíram a ocorrência de infarto agudo do miocárdio, insuficiência cardíaca, arritmia e morte em 12 meses, redução da fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) de pelo menos 10% para FEVE abaixo de 55%, disfunção diastólica e níveis de troponina cardíaca T e de NT-proBNP em 3, 6 e 12 meses. Resultados: A análise foi realizada em 107 pacientes (51 pacientes do grupo ivabradina e 56 pacientes do grupo placebo). As características basais foram semelhantes entre os grupos. A maioria dos pacientes tinha linfoma. A dose mediana da ANT foi de 300 mg/m2 (250-300 mg/m2) no grupo ivabradina e de 300 mg/m2 (250-300 mg/m2) no grupo placebo (P=0,560). O desfecho primário foi alcançado em 57% no grupo ivabradina e em 50% no grupo placebo, P=0,477 (OR 1,32, IC95% -0,61 a 2,83). Um menor número de pacientes no grupo ivabradina apresentaram troponina T 14 ng/L quando comparados ao grupo placebo [16 (39,0%) vs. 23 (62,2%), P=0,041] em 6 meses. Conclusões: O tratamento com ivabradina em pacientes com câncer submetidos à QTx com ANT não preveniu a cardiotoxicidade. Porém, há um potencial da ivabradina em reduzir a lesão miocárdica que merece ser investigado em estudos futuros