Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2023 |
Autor(a) principal: |
Souza, Cíntia Medina de |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-06072023-170837/
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Resumo: |
Entre os anos de 2016 e 2017 observamos as acaloradas repercussões que o encontro entre o cinema, a história e o mundo do trabalho proporcionaram. Eu, Daniel Blake, obra aclamada e galardoada com a Palma de Ouro, dirigida pelo cineasta britânico Ken Loach, encontrara um séquito de detratores e apologetas entre o vasto campo dos professionnels de la profession. Críticos de várias partes do globo, inclusive do Brasil, pouco mais fizeram do que criar rese-nhas, artigos de opinião e debates saturados de clichès estilísticos, lugares-comuns, análises unilaterais, valorações moralistas e gostos pessoais, os quais pouco ou nada traduziam acerca das efusivas manifestações catárticas do filme no grande público. Nesse sentido, observamos nesse fenômeno cultural dois aspectos a serem destacados: i. a conformação de um verdadeiro enguiço da crítica por parte de muitos críticos especializados, cujas manifestações apresenta-ram uma ausência de historicidade na compreensão da obra loachiana e; b. a potência catártica e reflexiva do filme ao apresentar à sua audiência -- tanto britânica como internacional -- uma problemática socioeconômica e político-cultural típica do atual momento de austeridade e re-estruturação produtiva em escala mundial. Assim, sob esses aspectos levantados, este trabalho tem por objetivo apresentar ao leitor os traços sócio-histórico inerentes à obra loachiana, fo-cando, principalmente, na temática abordada pelo diretor ao longo das duas primeiras décadas do século XXI: a atual crise de superacumulação do capital, seu inerente processo de reestru-turação produtiva e os nefastos impactos socioeconômicos gerados para as classes trabalha-doras nessa contraditória dinâmica. Com efeito, tomamos como objeto de nossa investigação quatro filmes que externalizam essa complexa temática ao longo das primeiras duas décadas deste século: Os Ferroviários (2001), Mundo Livre (2007), Eu, Daniel Blake (2016) e Você Não Estava Aqui (2019). Em conjunto, esses filmes revelam, em sua trama e montagem, ele-mentos que nos permitem apreender a própria historicidade desse conturbado contexto socioe-conômico e político cultural de cunho (neo)liberal, elucidando, inclusive, as rápidas transfor-mações que fizeram do mundo do trabalho uma instância cada vez mais irracional e deletéria para o conjunto do proletariado. Ademais, a conformação desses quatro filmes em conjunto permite observarmos a maturidade, a herança artístico-cultural e a potência catártica da estética realista loachiana, contrariando, justamente, as assertivas formais e moralistas de muitos da-queles ditos críticos especializados, bem como uma compreensão histórica da recepção a esses filmes, a qual expressa a própria atmosfera social do período. Isto é, uma atmosfera saturada de um consenso e uma resignação trágica ante os desmandos e às contradições do modo de pro-dução capitalista contemporâneo. |