Análise de itens lexicais do discurso oral do paciente com doença de Alzheimer

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Alegria, Renne Panduro
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47135/tde-24052013-145828/
Resumo: A doença de Alzheimer, doença neurodegenerativa, em que a dificuldade de encontrar palavras é um dos déficits mais presentes, mesmo em estágios iniciais já ocorrem alterações focalmente no hipocampo e giros parahipocampais. Com o avanço da doença, a dificuldade de encontrar palavras e o uso de itens lexicais efetivos ficam muitas vezes mais comprometidos sugerindo distribuição difusa da doença no encéfalo. A dificuldade em encontrar palavras ou anomia se deve consensualmente à deterioração do processamento semântico e ao déficit da memória operacional. Ainda, mesmo nesses estágios iniciais da doença, muitos pacientes relatam dificuldades em encontrar os itens lexicais adequados para seguir uma conversação, o que os constrange causando isolamento e falta de interações comunicativas verbais. Esse relato indica que eles têm consciência dessa perda cognitiva. Nas conversações ou interações sociais entre pacientes e cuidadores, muitas vezes a dificuldade de encontrar os itens lexicais não é claramente percebida. Entretanto, com o progresso da doença essa incompreensão se acentua, gerando situações estressantes e de sobrecarga, especialmente para o cuidador. A presente pesquisa objetivou analisar os itens lexicais no discurso oral dos pacientes com doença de Alzheimer, verificar aquelas palavras mais preservadas, que visem à elaboração de estratégias linguísticas adequadas e que permitam o desenvolvimento de mecanismos discursivos, a fim de identificar estratégias que possam melhorar a interação entre cuidadores e pacientes. Neste estudo avaliaram-se os itens lexicais verbos e substantivos, hápax e as oito outras categorias gramaticais da língua portuguesa de 23 pacientes com doença de Alzheimer e 23 idosos controles sadios. Os itens selecionados foram extraídos de conversações livres por no máximo 20 minutos com os temas: cidade, família, educação, alimentação, saúde e religião. Foi utilizado o programa Stablex que efetua o tratamento computacional de itens lexicais e confecções de léxico para identificar os itens lexicais mais frequentes e com maior peso ou valor. Os resultados indicam que os pacientes têm maior dificuldade em nomear substantivos, especialmente seres vivos, p<0,05. Ainda, esses pacientes apresentam maior preservação de itens lexicais concretos em relação aos itens lexicais abstratos. Além disso, foi observada maior preservação de verbos do que de substantivos, hápax fica preservado nos pacientes com doença de Alzheimer, p<0.001. Os adjetivos, p<0,001, interjeições, p<0,001,artigos e preposições p<0,001, também são significantes na doença. Conclui-se, assim, que embora os pacientes tenham perda lexical progressiva, suas habilidades comunicativas, semântico-pragmáticas não estão muito alteradas e que os pacientes ao serem estimulados com frases curtas, com aquelas palavras mais preservadas no seu léxico ainda podem se comunicar e interagir oralmente. Portanto, as análises de itens lexicais nos discursos orais dos pacientes com doença de Alzheimer não só contribuirão para o entendimento dos déficits de linguagem, mas também oferecerão formas de melhorar a comunicação entre pacientes e cuidadores