Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2021 |
Autor(a) principal: |
Correa, Jessica Aparecida |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-01072021-125150/
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Resumo: |
O embuste do \"Progresso\" e da \"Civilização\" alardeados pelos colonizadores europeus reavivou, no século XVIII, as mais cruentas formas de escravização e espoliação territorial dos povos originários sul-americanos. A dissertação apresentada problematiza a violência colonial como categoria de análise da formação territorial do Brasil, a nossa posição teórica e metodológica tem por base a Geografia Histórica a contrapelo, a perspectiva tem como princípio repudiar qualquer empatia com a História Oficial dos \"vencedores\" do \"Massacre de Caiboaté\" de 10 de fevereiro de 1756. O massacre foi intitulado pela versão oficial de \"Guerra Guaranítica\". A nossa leitura geográfica e retrospectiva tem o apoio nas teses benjaminiana da história, por isso, na contramão da visão oficial, o esforço esta em evidenciar a resistência guaranítica contra a imposição do Tratado de Madri (1750). Para isso, a análise do período histórico e das fontes cartográficas conta com a perspectiva da tradição dos oprimidos, ou seja, é por meio da perspectiva dos massacrados da guerra que os elementos históricos e geográficos são mobilizados. A nossa reinvindicação é denunciar que a \"guerra guaranítica\" foi na realidade um massacre promovido pelas Coroas de Portugal e Espanha contra os Guarani que lutaram para defender os territórios dos Sete Povos das Missões. Os Guarani que resistiram foram acusados e punidos de cometer o crime de \"lesa majestade\" por terem quebrado o \"pacto de vassalagem\" com a Coroa. Na resistência, Sepé Tiaraju e outras lideranças Guarani foram assassinados e os territórios missioneiros destruídos, essas violências estão registradas nos mapas, cartas e documentos da época. A comemoração do massacre contra os indígenas foi vociferada na colônia e no ultramar, e dessa forma, a violência da guerra foi \"glorificada\" e \"naturalizada\" nas fontes cartográficas produzidas pelos técnicos e militares contratados pelas Coroas para demarcar as fronteiras Sul-americanas. O estrondo geopolítico da resistência indígena repercutiu para além dos territórios coloniais, nessa sequência, a adesão de importantes autoridades jesuíticas da Companhia de Jesus na defesa dos territórios dos Sete Povos agudizou as incertezas e complexificou as disputas fronteiriças entre as Coroas ibéricas. A cartografia produzida no século XVIII sobre os interiores e \"sertões\" traziam em suas representações o projeto de guerra e de efetivação do poder externo da metrópole sobre as sociabilidades originárias pré-estabelecidas. As lutas e os levantes contra o projeto colonizador são resultados da violência sistemática e do massacre empreendidos na colonização. Nessa perspectiva, a resistência indígena foi divulgada pelas fontes oficiais como \"embaraço\", \"obstáculo\", \"empecilho\" e \"barbárie\". Assim, ao \"escovarmos\" a história da colonização do Brasil a contrapelo, o que encontramos em suas raízes são as batalhas dos povos originários, que jamais foram vencidos! A defesa dos territórios missioneiros pelos indígenas e padres desafiou os impérios ibéricos, por isso, do lado avesso do massacre, a rememoração Guarani da luta contra a invasão dos Sete Povos das Missões é uma potência que até os dias atuais fortalece a resistência contra o incessante esbulho territorial inaugurado na \"Era dos Descobrimentos\". Sendo assim, o esforço empreendido na pesquisa tem o compromisso de \"reabrir\" a história da formação territorial do Brasil e trazer à cena a resistência indígena como categoria elementar para a leitura geográfica. Para isso, é imprescindível primeiramente nos desfazer do título \"Guerra Guaranítica\". Pois, nos colocamos ao lado da leitura da resistência Guarani, da qual denuncia a perspectiva dos \"vencedores da história\" que disseminou a culpabilização dos massacrados pela guerra. |