Do Encobrimento ao protagonismo: os Guarani-missioneiros dos Sete Povos nos litígios fronteiriços entre as monarquias ibéricas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Cari, Mateus Brunetto lattes
Orientador(a): Langer, Protasio Paulo lattes
Banca de defesa: Ramos, Antonio Dari lattes, Jesus, Nauk Maria de lattes, Cavalcante, Thiago Leandro Vieira lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Grande Dourados
Programa de Pós-Graduação: Programa de pós-graduação em História
Departamento: Faculdade de Ciências Humanas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufgd.edu.br/jspui/handle/prefix/5795
Resumo: Este estudo busca analisar questões relativas à autodeterminação de sujeitos nas Missões Jesuíticas da Província Jesuítica do Paraguai, focando as missões dos Sete Povos por ocasião da Guerra Guaranítica. Com o entendimento de que os Guarani não aceitaram passivamente a imposição unilateral de um novo modo de vida, aponta-se que muito do que se passava era negociado: os Guarani aceitaram ser vassalos do rei, aceitaram formar barreira geopolítica contra o avanço lusitano nos Sete Povos, aderiram às práticas cristãs, mas, em contrapartida, mantiveram-se em seu território e, em certa medida, cultivavam, ainda, práticas tradicionais. Diante disso, questionamos se os índios eram, pois, meramente instrumentos dos interesses da Coroa, manipulados pelos jesuítas. Nossa hipótese indica para um sentido contrário: reconheciam-se enquanto portadores de direitos, enquanto indivíduos com diferenças sociais, políticas e culturais em relação aos espanhóis, portugueses e jesuítas. Para isso basta observar os acontecimentos depois do Tratado de Limites. Enquanto Espanha e Portugal acreditavam em uma subserviência daqueles povos, o que se processou, entretanto, foi uma resistência que só foi liquidada depois de poderosa coalizão militar entre os exércitos coloniais das monarquias ibéricas. Nesse sentido, problematizamos como era a perspectiva dos Guarani-missioneiros das relações internacionais entre os impérios ibéricos, observando como se construiu no imaginário Guarani-missioneiro a figura a respeito dessas monarquias absolutistas. De igual modo observamos as representações dos ibéricos e dos jesuítas acerca dos Guarani, principalmente de seu levante contra o Tratado de 1750. Buscamos entender como os Guarani-missioneiros se apropriaram dessas relações e como se posicionaram frente aos diferentes movimentos que envolviam as relações entre Espanha e Portugal. Igualmente, apresentamos como os indígenas se apropriaram dos discursos que os cercavam: das exortações e recomendações do rei espanhol para que defendessem o território dos portugueses; e também do discurso evangelizacional dos padres, apropriando-se da simbologia do demônio, do Deus castigador e benevolente. Finalmente, objetivamos apresentar a resistência e autodeterminação dos sujeitos históricos contra a expropriação de seu patrimônio material e cultural, analisando especificamente o levante indígena contra o Tratado de Madri. Nesse sentido se encontra o núcleo da questão: da mesma forma que a Coroa se valia dos indígenas para seus próprios interesses, os indígenas se valiam das suas relações com o mundo colonial (reduções e Espanha) para a perpetuação dos seus, de modo que quando o negociado exclui o indígena do processo através do tratado de Madri, os sujeitos resistem e lutam por seus direitos.