“Virtudes tão adiantadas para descobrir e remediar os males ocultos”: curandeirismo e práticas mágico-religiosas no Grão-Pará (1763-1773)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Moraes, Mayara Aparecida de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/191630
Resumo: A Visitação do Grão-Pará (1763-1773) ocorreu no momento em que o Marquês de Pombal havia ascendido ao poder em Portugal e realizado diversas reformas no âmbito político, social e religioso. Tais medidas, influenciaram diretamente na vinda da Inquisição à Amazônia portuguesa para expulsar o bispo João de São José Queiroz, que vinha tomando atitudes que deixavam o Marquês insatisfeito, atribuindo as tarefas do bispo ao Inquisidor Giraldo José de Abranches, além dos próprios afazeres do Tribunal. Com a chegada da Inquisição em Belém, muitas denúncias e confissões foram levadas à Mesa, sendo muitos os casos de magia, os quais foram o objeto escolhido por esta pesquisa e usados como base para o entendimento das trocas culturais ocorridas nessa região. Sendo assim, o objetivo da investigação será identificar o hibridismo cultural existente nessas práticas, principalmente com relação ao curandeirismo. Priorizamos os casos de cura executados por Sabina, Jozé, Ludovina Ferreira, Antônio, Domingos e Domingas Gomes da Ressurreição, e em seguida, fizemos uma comparação com os tratados de dois cirurgiões e um boticário: Erário Mineral (Luís Gomes Ferreira), “Governo dos mineiros mui necessário aos que vivem distantes de professores seis, oito, dez e mais léguas, padecendo por esta causa os seus domésticos e escravos queixas, que pela dilação dos remédios se fazem incuráveis, e as mais das vezes mortais.” (José Antônio Mendes) e Pharmacopea Lusitana, methoso practico de preparar os medicamentos na forma galênica, com todas as receitas mais usuares, (Caetano de Santo Antônio), no intuito de identificarmos as ervas nativas usadas por todos eles e analisarmos a relação entre a cultura popular e a medicina oficial. Partimos da hipótese de que tanto os médicos quanto os curandeiros realizavam certas permutas de conhecimento sobre as ervas medicinais usadas, devido à diferença regional e continental da natividade dessas plantas. Essas trocas podem ter se dado pela convivência entre os diferentes povos, em virtude da escravidão, das políticas pombalinas, das adversidades causadas pelas doenças e até mesmo pelo meio criado pelos colonos portugueses. Graças a isso, poderemos observar o êxito e a fama de alguns curandeiros, aspectos que lhes permitiram até mesmo terem suas penas amenizadas pela Inquisição.