Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2016 |
Autor(a) principal: |
Billand, Jan Stanislas Joaquim |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5137/tde-06022017-094542/
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Resumo: |
Este estudo busca compreender as modalidades e condições do sucesso prático de uma intervenção junto a homens autores de violência contra mulheres, na perspectiva da promoção da equidade de gênero. MÉTODO. Foi estudado o trabalho de três profissionais, homens, que organizam um grupo reflexivo para homens autuados por infração à Lei Maria da Penha. Seguindo uma abordagem qualitativa, utilizou-se o método etnográfico, combinando observação participante, entrevistas em profundidade com os três facilitadores, e análise documental. Os resultados foram analizados por contraste com um referencial teórico articulando, entre outros, o quadro da vulnerabilidade e dos direitos humanos em saúde, o conceito de masculinidade hegemônica, a perspectiva feminista do cuidado, e a abordagem psicodinâmica do trabalho. RESULTADOS. Os resultados e sua discussão foram organizados em quatro eixos: primeiro, descrição do modo como o contexto social impacta o processo de trabalho, simultaneamente abrindo possibilidades e configurando desafios para a intervenção; segundo, identificação e discussão das formas de sucesso prático alcançadas pelos profissionais em seu trabalho junto aos homens abordados; terceiro, análise da dimensão intersubjetiva do trabalho, buscando compreender dificuldades encontradas pelo pesquisador e pelos facilitadores do grupo, na relação interpessoal com participantes do grupo; e, finalmente, ampliamos a discussão dos resultados, refletindo sobre o papel da saúde na prevenção da violência contra mulheres e na promoção da equidade de gênero. CONCLUSÃO. Duas tendências contraditórias atravessam a relação dos profissionais estudados com seu trabalho: por um lado, sua sensibilização prévia aos pontos de vista das mulheres os leva a se posicionar como aliados dos movimentos feministas. Neste âmbito, procuram dialogar com homens autores de violência, mobilizando sua própria socialização masculina a serviço da prevenção da violência contra mulheres; por outro lado, este trabalho no âmbito dos \"jogos de linguagem\" típicos da socialização masculina exige uma indiferença seletiva aos pontos de vista das mulheres, em particular quando não condizem com projetos de felicidade masculinos: esta clivagem é necessária para manter a empatia com os homens, condição para um diálogo bem-sucedido. Paradoxalmente, isto resulta em uma perda de empatia dos profissionais pelas mulheres que contradiz o sentido político - profeminista - do seu trabalho. Portanto, no que tange ao diálogo com homens autores de violência contra mulheres, o profeminismo se apresenta simultaneamente como um pré-requisito e um empecilho. Embora nunca se livrem do paradoxo, os profissionais estudados conseguem resolvê-lo no plano da prática, que alcança assim formas específicas de sucesso. As estratégias que desenvolvem neste fim podem inspirar novas práticas de atenção aos autores de violência contra as mulheres em serviços de saúde |