Transtornos mentais comuns no município de São Paulo: análises da evolução temporal e das associações com percepção de segurança e exposição à violência no bairro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Pinto, Thiago Pestana
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6141/tde-10012025-161040/
Resumo: Introdução - Acometendo elevada parcela da população, os Transtornos Mentais Comuns (TMC) constituem uma importante causa de incapacidade, gerando elevados custos sociais e econômicos. Apesar de sua magnitude enquanto problema de saúde pública, especialmente em países de baixa e média renda, são limitados os dados sobre a evolução temporal dessa morbidade psiquiátrica, assim como sua relação com determinantes sociais da saúde mental, a exemplo da exposição à violência comunitária que ocorre nos grandes centros urbanos. Objetivos - Esta tese é composta por dois artigos, sendo que o primeiro teve como objetivo descrever a evolução temporal dos TMC no município de São Paulo entre 2003 e 2015, enquanto os objetivos do segundo artigo foram verificar a associação entre percepção de segurança no bairro e TMC, assim como a associação entre exposição indireta (ouvir falar ou presenciar) à violência no bairro e TMC. Métodos O primeiro artigo é um painel de estudos transversais realizado com dados das edições de 2003, 2008 e 2015 do Inquérito de Saúde do Município de São Paulo (ISA-Capital). Utilizando regressão de Poisson, realizaram-se análises não ajustadas e ajustadas por variáveis da estrutura sociodemográfica para verificar diferenças na prevalência de TMC entre os anos do ISA-Capital. O segundo artigo é um estudo transversal de base populacional realizado com dados do ISA-Capital de 2015. A investigação das associações da percepção de segurança e da exposição indireta à violência no bairro com os TMC foram realizadas por meio de modelos simples e múltiplos de regressão de Poisson. Em ambos os artigos, as análises consideraram os pesos amostrais e o efeito do plano amostral de cada edição do ISA-Capital. Resultados - No primeiro artigo, após análise estratificada por sexo e faixa etária, identificaram-se padrões heterogêneos na evolução temporal dos TMC. Especificamente entre pessoas do sexo feminino com idade entre 20 e 59 anos, observou-se uma redução da prevalência de TMC entre 2003 e 2015, enquanto nos outros subgrupos essa prevalência permaneceu estável ou as variações foram explicadas por mudanças na estrutura sociodemográfica no período. Os achados do segundo artigo mostraram prevalências de TMC substancialmente maiores entre indivíduos que percebiam o bairro como muito violento e entre aqueles com maior exposição indireta à violência no bairro. Além da associação entre presenciar eventos de violência e TMC, apenas ouvir falar sobre a ocorrência desses eventos associou-se ao desfecho. Conclusões - A partir de evidências de base populacional, mostrou-se que embora tenha diminuído entre pessoas do sexo feminino de 20 a 59 anos, a prevalência de TMC permanece elevada na população geral. Adicionalmente, ao demonstrar que apenas ouvir falar sobre a ocorrência de eventos violentos no bairro está associada aos TMC, estes achados contribuem para um melhor dimensionamento da amplitude dos impactos da violência no bairro na saúde mental.