Estudo da utilização de cardiodesfibrilador implantável na cardiopatia crônica da doença de Chagas para prevenção secundária de morte súbita cardíaca

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Pavão, Maria Lícia Ribeiro Cury
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17138/tde-05112021-103059/
Resumo: Introdução: A cardiopatia crônica da doença de Chagas (CCDC) é uma cardiomiopatia dilatada caracterizada por arritmias ventriculares malignas e risco aumentado de morte súbita cardíaca (MSC). Dados controversos existem a respeito da eficácia do cardiodesfibrilador implantável (CDI) na CCDC tendo em vista resultados contraditórios observados. Além disso, tempestade elétrica (TE) é um problema comum nesta população, porém dados sobre preditores clínicos e desfechos são limitados. Nesta tese, avaliamos retrospectivamente pacientes com CCDC com CDI para prevenção secundária de MSC, com o objetivo de analisar os resultados em grupos com função ventricular do ventrículo esquerdo (FEVE) deprimida e preservada e comparar as características de grupos com ou sem TE durante um seguimento de longo prazo. Métodos: Avaliados 111 pacientes com CCDC (73 homens; 60 ± 12 anos) com tempo de seguimento médio de 1948 ± 1275 dias após implante de CDI. Dados demográficos, clínicos, características das arritmias, terapia aplicada pelo CDI, dados de TE e de óbitos foram coletados. Tempo para óbito foi o desfecho primário; FEVE&le;45% a exposição; e idade, gênero e terapia pelo CDI os potenciais confundidores. Usamos métodos de tempo para evento e modelos proporcionais de Cox para análise, censurando observações em 5 anos de seguimento para análise de sobrevida. Testes exatos de Fisher foram usados para comparações. O valor de p<0.05 foi considerado significativo. Resultados: Setenta e dois porcento dos pacientes apresentaram pelo menos 1 evento de arritmia ventricular sustentada. Ocorreram 50 óbitos (45%), com uma mortalidade anual de 8,4%, sendo a maioria devido a insuficiência cardíaca refratária ou causas não cardíacas. Taxas de sobrevivência não ajustadas foram significativamente diferentes entre pacientes com FEVE&le;45% (26 óbitos), 50,5% (95% intervalo de confiança [IC]: 36,2%63,2%) quando comparados com pacientes com FEVE > 45% (10 óbitos), 77,6% (95% IC: 62,3%87,3%, P<0.01). Após ajustes para confundidores, FEVE reduzida (razão de riscos [RR]: 5,2, 95% IC: 2,3-11,6), idade (RR: 1,04, 95% IC: 1,01-1,07), e gênero feminino (RR: 3,97, 95% IC: 1,85 - 8,54) associaram-se independentemente ao desfecho. Na análise de TE, o grupo presença de TE (n= 57; 42 homens; 62 ± 10 anos) e o grupo ausência de TE (n = 53; 32 homens; 57 ± 14 anos) apresentaram características basais demográficas e parâmetros clínicos similares, porém a FEVE foi maior no grupo presença de TE (44 ± 14% vs. 37 ± 14%; p = 0,02) e a duração do QRS foi mais curta (109 ± 35 ms vs. 134 ± 36 ms; p = 0,0027). Taxa de mortalidade não diferiu entre os grupos (razão de probabilidades RP61: 1,2; 95% IC: 0.79 a 1,85; p = 0,44). Conclusões: CDIs abortam com sucesso arritmia ventriculares malignas em CCDC. Função ventricular esquerda deprimida foi um preditor de maior mortalidade na população estudada. A presença de TE é frequente nesta população, porém não foi um indicador de pior prognóstico e não foi associada à FEVE mais deprimida ou a um QRS de maior duração.