Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2010 |
Autor(a) principal: |
Gaspar, Osmar Teixeira |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/2/2140/tde-11112011-113314/
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Resumo: |
Este trabalho propõe um estudo sobre as concessões de rádio e televisão no Brasil e a influência dessas concessões nas relações raciais no Brasil dos dias atuais. Propomos uma reflexão sobre a exclusão da população negra dos meios de comunicação de massa e os reflexos produzidos por sua invisibilidade seletiva nesses veículos. Associamos a exclusão da população negra dos meios de comunicação de massa à sua exclusão do mercado formal de trabalho na iniciativa privada. Nossos questionamentos vão desde as razões que levam o Estado, quem concede, autoriza, permite e outorga o bem público, por que razão não interfere para coibir a deliberada invisibilidade seletiva produzida por esses meios contra a população descendente de escravizados africanos? Estamos supondo que a cessão do bem público, exatamente por ser do interesse de todos deveria estabelecer parâmetros que levassem em consideração o direito, a igualdade e a alteridade nas relações sociais, bem como a proporcionalidade dos grupos étnicos que compõem a rica diversidade da população brasileira. Os meios de comunicação de massa, suas grades de programações, bem como as agências de publicidade e seus anunciantes parecem ignorar a composição étnica de nossa sociedade. Ao contrário, buscam em suas programações e anúncios publicitários assemelhá-la à população da Suécia, quando o conjunto de sua representatividade étnica está muito mais próximo da África. Esta preferência por uma população alourada, sueca, que mesmo não existindo em nosso país em grande número, revela o lócus do racismo à moda brasileira, que consiste em suposta existência de uma democracia racial no Brasil. A nossa pesquisa desmente essa falsa cognição quando examinamos algumas revistas impressas e apontamos que as mulheres brancas no Brasil aparecem nessas publicações 94,08% contra apenas 6,081% das mulheres negras. O isolamento a que os meios de comunicação de massa submetem a população negra, antes revela uma inaceitável censura midiática. A exclusão produzida pelos meios de comunicação de massa reforça os estereótipos de inferioridades e incapacidade da população descendente dos escravizados. Estado e grande parte da sociedade se silenciam diante do óbvio. O \"mercado\" por sua vez, não é um ser inanimado, posto que formado por pessoas que cerceiam e impedem que negros se realizem como trabalhadores formais no mercado formal de trabalho do mercado formal de trabalho na iniciativa privada. Este quadro se agrava, quando observamos a exclusão deste mercado de modelos, atrizes e atores negros, que também ficam impedidos de se realizarem como profissionais desse meio visivelmente excludente e preconceituoso. No Brasil os negros, em razão de sua cor, são inferiorizados e desumanizados pelos meios de comunicação de massa, numa afronta aos direitos humanos. O silêncio e a indiferença são ferramentas poderosíssimas para a perpetuação do racismo no Brasil. A aparente inexistência de um racismo exacerbado, antes esconde a poderosa estrutura que o institucionaliza. As elites, com o beneplácito do Estado e da invisibilidade seletiva da população negra, tiram grandes proveitos. Nosso trabalho propõe uma reflexão sobre estes e outros aspectos que inviabilizam os negros de se realizarem como sujeitos de direitos. Denunciamos a existência de um jogo surdo, onde veladamente são determinados os espaços permitidos e proibidos à população negra, como é o caso da televisão, por exemplo. Por fim, esperamos contribuir com o debate na construção de políticas públicas que se traduzam em uma efetiva igualdade de direitos aos descendentes de escravizados no Brasil. |