Práticas científicas contemporâneas: uma perspectiva de imanência

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Freitas, Lucas Bizarria
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-15062015-144002/
Resumo: A presente pesquisa se debruça sobre as práticas científicas contemporâneas em uma abordagem distinta dos pressupostos circulantes na modernidade. Tal proposta decorre da constatação, no campo de pesquisa em ensino de ciências, de uma ampla preocupação em tomar a ciência como fenômeno cultural. Com essa premissa em vista, colocamos alguns dos preceitos das ciências em variação a partir do encontro com modos de pensamento distintos. Pautamo-nos nas provocações de Friedrich Nietzsche para transtornar a noção de verdade. Tal movimento confrontaria as ciências com outros pressupostos, permitindo abrir a questão do conhecimento a partir de formas de conhecimento não científicas. Na qualidade de uma prática de conhecimento como outras, aproximamos as ciências de uma filosofia da antiguidade, o estoicismo, bem como da literatura russa do século XIX. Essa escolha se fundamenta na presença, nos textos estoicos, de exercícios visando ao encontro com a natureza. A literatura russa, por sua vez, aproximaria a questão das existências a uma radical implicação entre tempo e vida. Portanto, um encontro entre três frentes de pensamento distintas as práticas científicas contemporâneas, a filosofia estoica e a experiência literária russa seria um meio para discutir a imanência na prática científica. Visando explorar os modos de conhecimento contemporâneos, nos apropriamos dos discursos de quatro pesquisadores docentes de universidades públicas do Estado de São Paulo. A partir da noção de anonimato discursivo discutida por Michel Foucault, concebemos as práticas desses agentes institucionais como acontecimentos discursivos que remeteriam aos modos de pesquisa do presente. As práticas científicas atuais e a filosofia estoica compõem, concomitantemente, modulações do conhecimento atitudes ligadas aos modos de vida e a uma ambiência do pensamento característica de diferentes tempos. A composição e a discussão dessas modulações visam à afirmação de uma prática do conhecimento pautada na imanência. O principal eixo desses deslindes seria a simbiose da relação estabelecida entre homem e mundo. Nossa pesquisa aponta para um íntimo enredamento entre o estilo existencial dos cientistas e o tipo de conhecimento produzido. No limite, uma imanência entre modos de vida e conhecimento estaria em jogo nas narrativas contemporâneas, na literatura russa e na filosofia estoica. Uma tensão constante entre diferentes modos de conhecer permeando um mesmo tempo afirmaria uma perspectiva das práticas de conhecimento implicando a vida dos pesquisadores e suas investigações. O tempo produz as condições para as tensões do ato de conhecer. Apontamos, portanto, uma física temporal e ambígua das práticas de conhecimento.