Representações e rememorações da violência política: um estudo de caso de eventos violentos durante as eleições de 2018

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Moisés, Pedro Callari Trivino
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8132/tde-09122024-104649/
Resumo: Esta dissertação analisa as diferentes formas de representação da violência política na contemporaneidade, com base no estudo de caso do assassinato do mestre de capoeira Romualdo Rosário da Costa, conhecido como Moa do Katendê. Moa foi assassinado na noite do dia 7 de outubro de 2018, data do primeiro turno das eleições presidenciais daquele ano, devido a discordâncias políticas em um bar na cidade de Salvador. As eleições de 2018 foram marcadas pela ascensão de ideias e atores de extrema-direita que desafiavam valores democráticos, tais quais a pacificidade da política e o sentimento mútuo de solidariedade a despeito das antipatias ideológicas. Dado este contexto e a motivação política do assassinato, o caso recebeu atenção considerável do debate público, mas de forma diversa. Para o campo progressista/democrático, o homicídio foi definido como um caso de violência política que demonstrava a agressividade e o ódio dos discursos bolsonaristas; para a extrema-direita, o assassinato foi considerado como desprovido de relação com a vida política e uma evidência do oportunismo dos seus opositores em narrarem o caso como um símbolo de denúncia. O resultado foi um conflito entre representações que disputaram o modo que o caso deveria ser interpretado. Tal conflito impulsionou a repercussão do assassinato, tornando-o o caso mais mencionado de violência política entre o primeiro e o segundo turno das eleições. No entanto, após o encerramento do processo eleitoral e a vitória de Bolsonaro, o caso foi sumariamente esquecido, sendo apenas relembrado em momentos muito específicos. Teoricamente inspirada pelo \"programa forte\" em sociologia cultural, desenvolvido por Jeffrey Alexander e Philip Smith, e tematicamente inspirada pelos debates da sociologia brasileira sobre a relação antinômica entre violência e democracia, esta pesquisa visa: 1) analisar os discursos contemporâneos sobre a violência em ambientes democráticos a partir das formas de representação da violência política, seja a aceitação, relativização ou condenação do evento violento; 2) propor um novo arcabouço para pensar o problema das representações da violência política à luz da sociologia cultural; e 3) utilizar o estudo de caso como forma de aprimoração dos modelos teóricos da sociologia cultural em geral, especialmente no que se refere a sua utilização para investigações sobre os problemas da violência política