A terapia ocupacional e o cuidado de pessoas internadas em unidades psiquiátricas no hospital geral

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Oliveira, Tainá Tayota de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/108/108131/tde-03082023-092136/
Resumo: A atenção à saúde mental no Brasil está fundamentada no modelo psicossocial proposto pela Reforma Psiquiátrica. Os serviços devem funcionar em uma rede ampla, incluindo os serviços de urgência e emergência psiquiátrica, leitos e enfermarias psiquiátricas em hospital geral. O hospital geral tem relevante papel na rede de atenção em saúde mental e deve prover internações de curta duração para usuários com sofrimento mental, principalmente em situação de crise, com sintomas psíquicos agudizados e com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas. Na atenção hospitalar, preconiza-se uma equipe multidisciplinar, na qual o terapeuta ocupacional está incluído. Objetivo: Conhecer e refletir sobre as práticas da terapia ocupacional no cuidado de usuários em unidades psiquiátricas em hospital geral. Materiais e Métodos: Pesquisa de abordagem qualitativa, descritiva e exploratória. Participaram da pesquisa 23 terapeutas ocupacionais que atuam em unidades psiquiátricas nos hospitais gerais públicos do Estado de São Paulo. Foi elaborado um questionário online com auxílio da ferramenta do google forms para coleta dos dados sociodemográficos, de formação profissional, caracterização da instituição, da população atendida e das práticas desenvolvidas pelas terapeutas ocupacionais. A pesquisa foi realizada no período de março a outubro de 2019. Os dados qualitativos foram estudados a partir da análise de conteúdo temática. Resultados: As terapeutas ocupacionais possuem experiência de trabalho em unidades psiquiátricas de 1 a 14 anos e formação complementar em saúde mental e/ou áreas correlatas. Identificou-se a utilização de uma diversidade de espaços para os atendimentos: convivência, salas de grupo, leito, consultório e no território do usuário. Nas práticas das terapeutas ocupacionais destacam-se tanto as ações individuais como em grupos, com os usuários e familiares e, em alguns serviços, compartilhados com a equipe multiprofissional. O engajamento, independência e autonomia dos usuários são exploradas nas dinâmicas, e, nas atividades diárias voltadas a rotina hospitalar. O terapeuta ocupacional também auxilia na superação da crise, na reorganização do pensamento e da vida cotidiana. As ações com a rede de saúde ocorrem na maioria dos serviços e as intersetoriais com menor frequência; a alta hospitalar, em geral, é decidida pela equipe profissional, indicando estratégias de cuidado na perspectiva da atenção psicossocial. Como principais desafios apontam-se as fragilidades das redes de atenção, a falta de suporte familiar e as frequentes reinternações. Nos serviços, destacam-se a falta de estrutura física, de materiais e de profissionais. Por parte de alguns profissionais, ainda há preconceitos em relação aos usuários com sofrimento mental, repercutindo no trabalho multiprofissional. Conclusão: A pesquisa demonstra a relevância da terapia ocupacional na atenção a crise na medida em que colabora na reorganização e diminuição dos sintomas do usuário, apoia os familiares e estimula multidisciplinariedade. Espera-se que a pesquisa contribua para a produção de conhecimento e maior visibilidade das práticas da terapia ocupacional em saúde mental no hospital geral. Como produto educacional foi desenvolvido um folder com informações sobre as contribuições da terapia ocupacional na atenção ao usuário com sofrimento mental, suas famílias e com a equipe multiprofissional no hospital geral, bem como visou fornecer esclarecimentos sobre o sofrimento mental e a importância dos vínculos para romper o preconceito e estigma desta população. Esta ferramenta poderá ser utilizada pelas terapeutas ocupacionais para divulgar o trabalho profissional e potencializar a atuação da equipe multiprofissional.