O sentido de ser internado em hospital psiquiátrico à luz da fenomenologia de Heidegger

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: Furlan, Marcela Martins
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22131/tde-09122008-163255/
Resumo: O campo da Saúde Mental no Brasil tem se voltado para a construção de serviços comunitários de atenção psiquiátrica, pautados nos preceitos da Reforma Psiquiátrica, como possibilidade de substituir a lógica asilar pelo resgate das habilidades sóciorelacionais do doente mental, a partir da reabilitação psicossocial, sob a abordagem interdisciplinar. Entretanto, a experiência em psiquiatria mostra que o doente mental mantém-se transitando entre o serviço comunitário e o hospital psiquiátrico, sendo alvo, ainda hoje, da disciplinarização, violência e privação impostas pela instituição hospitalar. Neste sentido, constituiu objetivo deste estudo apreender o sentido de ser internado em hospital psiquiátrico, a partir do sujeito que vivenciou a experiência da internação. Para alcançar o objetivo proposto, o estudo recorreu ao referencial teóricofilosófico da ontologia fundamental de Martin Heidegger. Participaram da pesquisa quatro sujeitos portadores de transtornos mentais regularmente matriculados em um centro de atenção psicossocial no interior do estado de São Paulo, que aceitaram discorrer sobre a vivência da internação psiquiátrica, como se mostrou a eles, por meio de entrevista semi-dirigida gravada. Para tal, os sujeitos foram convidados a rememorar a experiência de ser internado em hospital psiquiátrico e tecer significações a respeito. A partir da apropriação de elementos do referencial heideggeriano, foi empreendida a Analítica Existencial, que gerou a construção dos Núcleos do Sentido: (a) A mostração do ser-aí no ser-doente-mental; (b) O modo de ser-no-mundo do ser-doente-mental e (c) Ser-no-mundo-cuidado na impessoalidade. Estes núcleos permitiram que a verdade do ser-doente-mental fosse desvelada a partir dele próprio, mediante o entendimento da estrutura do ser-aí (Dasein) proposta por Heidegger, mostrada pelo modo de ocupar-se da internação psiquiátrica. Ao emergir o ser-cuidado-no-mundo-com-o-outro, foi possível delinear o sentido de ser internado em hospital psiquiátrico, cerne da compreensão ontológica da vivência da internação psiquiátrica.