Efeitos agudos centrais do canabidiol por meio de neuroimagem funcional e sobre o reconhecimento de emoções faciais em pacientes com transtorno depressivo maior

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Zamarrenho, Luana Gonçalves
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17148/tde-23082020-104553/
Resumo: Estudos pré-clínicos verificaram que o canabidiol (CBD) possui propriedades antidepressivas. Entretanto, não foram realizados estudos clínicos sobre este aspecto. O objetivo deste estudo foi investigar os efeitos agudos do CBD sobre a conectividade funcional cerebral e sobre o processamento emocional em pacientes com transtorno depressivo maior (TDM). O recrutamento foi realizado em Núcleos de Saúde, Ambulatórios do HC-FMRP-USP, Departamento de Psicologia e Saúde Mental, indicação de clínicas privadas e divulgação pela imprensa USP, de maio 2016 a maio 2019. Os critérios de inclusão foram: idade entre 20 e 50 anos, Índice de Massa Corporal (IMC) entre 18 e 30 kg/m, diagnóstico de transtorno de TDM (SCID-5), episódio depressivo atual (HAMD>17). Os critérios de exclusão foram: tabagismo, uso de medicamentos, Cannabis ou outras substâncias, gravidez, doença clínica importante, doença neurológica, sintomas psicóticos ou ideação suicida e contraindicações para RM. O recrutamento teve duas etapas: triagem inicial (e-mail), que consistiu na aplicação de questionário com os critérios supracitados; e entrevista de diagnóstico (SCID-5, HAMD e MADRS). Após o recrutamento, os voluntários elegíveis foram contatados para a coleta, que consistiu em duas sessões experimentais (quatro horas de duração), separadas por no mínimo 14 dias. As sessões foram idênticas e consistiram em exame de urina (toxicológico e gravidez), escalas autoaplicáveis (PHQ-9 e BAI), administração via oral de cápsulas de CBD (300 mg) ou placebo (procedimento duplo cego e cruzado), tarefa de REFE (+90 min), exame de RMf (+120 min) e coleta de sangue (+180 min). Durante as sessões, foi aferida a pressão arterial e aplicadas as escalas VAMS e VAMSD por cinco vezes (-30, 0, +90, +120 e +150 min). A caracterização dos voluntários (escore nas escalas, idade, gênero e escolaridade) foi realizada por estatística descritiva, para as comparações entre placebo e CBD foi utilizado teste t para amostras pareadas (REFE e RMf - SPM12). Foi utilizada ANOVA (medidas repetidas) para pressão arterial e escalas analógias. Ao nível de significância p<0.05. Passaram pela triagem inicial 1.124, 35 foram considerados elegíveis e 20 passaram pela etapa de entrevista SCID-5. Foram elegíveis 12 voluntários. A coleta foi concluída com 10 voluntários e as análises com seis voluntários de ambos os sexos e idade de 34,3 (8,6) anos. O CBD não alterou a pressão arterial, nem os sintomas de humor durante as sessões. O CBD não alterou o desempenho na tarefa de REFE. Foram observadas alterações na conectividade funcional, caracterizadas pelo aumento na conectividade entre córtex parietal superior e núcleo caudado, giro supramarginal e córtex visual, e córtex pré-frontal rostral e vermis no dia que foi administrado placebo e conectividade aumentada entre córtex cingulado anterior e córtex temporal inferior, córtex cingulado posterior com córtex occipital e visual, e do pré-cúneo com área suplementar motora, após administração do CBD. Em pacientes com TDM, o CBD não alterou o processamento emocional, mas aumentou a conectividade funcional entre estruturas do salience network e do default mode network.