Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
Araujo, Manuella Miki Souza |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8149/tde-02052019-134219/
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Resumo: |
Nas poéticas oitocentistas brasileiras, são recorrentes as vinculações entre a prática artística e o culto religioso. Especialmente em produções românticas e simbolistas, o poeta aparece figurado como sacerdote, profeta, iniciado, alquimista, monge, vidente, anjo caído e demais variantes, sendo-lhe conferido o poder de dissolver e remodelar a realidade e a subjetividade por meio da linguagem. Desde o final do século XVIII na Europa, é possível sondar o esforço de formulação de uma religião da arte, na qual se estabelece um culto secular à imaginação criadora. Este estudo analisa tais discussões partindo das poéticas de Álvares de Azevedo e de Cruz e Sousa, dois exemplos de criadores seculares que interiorizam os mitos cosmogônicos, os ritos iniciáticos e os processos alquímicos, na condição de metáforas alusivas a processos de transfiguração, por meio das quais se torna possível ao artista encenar, ao mesmo tempo, os papéis de criador e de criatura, sujeito e objeto, polaridades mobilizadas no trabalho reflexivo do sujeito sobre si mesmo. A obra de arte produzida visa sintetizar uma nova unidade, articuladora das experiências conscientes e inconscientes do sujeito moderno cindido. Nos dois primeiros capítulos dedicados a Alvares de Azevedo, se apresenta o anseio romântico de revitalização do sujeito e do mundo desgastados e moribundos. O desejo de renovação das formas, valores e significados motiva a elaboração de profecias de renascimento da humanidade, que se reconfigura a partir das ruínas de seu passado. As metáforas do infanticídio e do aborto aludem à irrealização de utopias. Os terceiro e quatro capítulos, centrados na poética de Cruz e Sousa, exploram o questionamento do poeta sobre as possibilidades de transformação de si e da realidade por meio da arte e da cultura, em um país estruturalmente racista. As metáforas do nigredo e da sombra se articulam à dificuldade do poeta em plasmar uma forma estável e bem delimitada de si, por meio da qual sejam harmonizados interioridade e exterioridade. A reescrita do mito dos Doze Trabalhos de Hércules dramatiza os impedimentos sociais enfrentados pelo artista negro na busca por consagração literária. Finalmente, o anúncio da profecia do futuro Dante, nascido da dor inconcebível, sinaliza a necessidade de elaboração de uma nova forma sublime, capaz de assimilar o sujeito negro enquanto tema e voz poética. |