Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2022 |
Autor(a) principal: |
Bartholomeu, Josiane Aparecida de Paula |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59140/tde-30012023-081657/
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Resumo: |
Apresentamos resultados de pesquisa em que investigamos as experiências dos sujeitos-professores com a escrita para compreendermos como foi essa relação durante sua fase escolar, bem como se essa relação - conflituosa ou não - ecoa nos dizeres e fazeres de sua prática pedagógica. Para investigarmos como foi tecida essa relação e se há reflexos de práticas docentes em que foi assujeitado em seu fazer pedagógico, tomamos o discurso enquanto efeito de sentidos, considerando as condições de produção no momento em que reverberaram. O arcabouço teórico que sustenta nossos estudos está centrado na Análise de Discurso pêcheuxtiana, nos fios da Psicanálise freudo-lacaniana, nas Ciências da Educação e na teoria sócio histórica do letramento. Apresentamos nos capítulos iniciais conceitos fundamentais às três áreas do conhecimento, no intuito de compreendermos o movimento do sujeito em relação à escrita, e, de modo específico, se se reproduzem práticas mecanicistas e engessadas. Para a realização da pesquisa, elaboramos questões que alicerçaram uma entrevista semiestruturada em que participaram 4 sujeitos-professores do Ensino Fundamental I de duas escolas públicas localizadas em uma pequena cidade do interior paulista. Formulamos uma oficina de formação de professores que contou com a participação de 14 professores de diferentes segmentos, cujo objetivo foi proporcionar um espaço para que falassem de suas experiências com a escrita, que desconstruíssem possíveis conceitos de escrita como reprodução e tivessem a oportunidade de se colocarem como sujeitos-escritores e criadores. Após as atividades supracitadas, as entrevistas e os relatos oriundos das oficinas foram transcritos, lidos e analisados, culminando na constituição de corpus de análise. As análises das entrevistas e os textos das oficinas reverberaram marcas e indícios de a) os sujeitos-professores carregam marcas de práticas docentes que tratavam a escrita como mero momento de registro de alguma atividade; b) essas práticas, que não podemos chamar de pedagógicas, pois estão esvaziadas de sentidos e, consequentemente, inibem a criação, são reproduzidas em seus saberes e fazeres, perpetuando a condição da escrita como apenas um artefato que cumpre normas e imposições; c) compreende-se que as memórias dos sujeitos-professores atravessam as experiências com a escrita e essas memórias fazem parte da identidade docente; d) percebemos que o trabalho com a leitura e a escrita está ideologicamente ligado e marcado somente a fazeres escolares; e) percebemos que o assunto escrita causa incômodo e receio, pois os sujeitos, em sua maioria, têm medo de se mostrarem, de serem julgados e, portanto, de serem expostos por alguma suposta falha na escrita; f) a escrita não é tomada como instrumento importante na constituição do sujeito, mas é tida como forma de \"punição\", adestramento e passividade d(n)as palavras; g) em condições ideais de produção, a posição intérprete-historicizado e a de autor/ização para autoria se materializaram na maioria dos textos construídos pelos sujeitos-professores - o que nos permite dizer que, se sabem se colocar como autores de seus dizeres, também são capazes de possibilitar aos alunos a autorização para se movimentarem por outras formações discursivas; g) as marcas que encontramos nos discursos analisados são de uma escrita dura, sisuda, que busca a perfeição e é terminada em si. Essas marcas têm relação com o que os sujeitos-professores passaram na infância, na posição de sujeitos-estudantes: a impossibilidade de fazer o que lhe era de direito e que foi negado, de criar em vez de reproduzir, de serem autores. |