A questão da moradia na vida de quem mora nas ruas: um estudo qualitativo na cidade de São Paulo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Patitucci, Giulia Pereira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16137/tde-28072023-153458/
Resumo: Trata-se de estudo investigativo sobre a questão da moradia na vida de quem mora nas ruas. Conforme censo da população em situação de rua da cidade de São Paulo, cuja pesquisa mais recente é de 2021, os principais motivos da ida para a rua são, respectivamente, os conflitos familiares, o uso abusivo de álcool e outras drogas, a perda de trabalho/renda e a perda da moradia. Esse sucinto diagnóstico sobre o problema, no qual se destacam, em primeiro e em segundo lugar, motivações da esfera do \"individual\", reforça a tese de que as pessoas que moram nas ruas precisariam resgatar sua autonomia para conseguirem se reinserir socialmente. Na prática, essa visão sobre o fenômeno tem resultado na implantação de políticas públicas baseadas no acolhimento provisório em serviços socioassistenciais, no apoio à retomada dos vínculos familiares e na reinserção no mercado de trabalho. Conforme já apontaram estudos nacionais e internacionais, essa prática tem se mostrado pouco efetiva na concretização da saída da rua. Reconhecendo, por outro lado, a situação de rua enquanto uma das facetas da extrema desigualdade social urbana, que persiste e é alimentada pelo modelo econômico capitalista, o trabalho tem como objetivo investigar como se expressa a questão da moradia ao longo da trajetória de vida de quem mora nas ruas, jogando luz à condição de pobreza pré-existente à situação de rua. Para investigar a questão da moradia na vida de quem mora nas ruas, pergunta central, defino 4 abordagens que explicam meu entendimento sobre o termo para fins deste trabalho: 1) experiências de moradia fora das ruas; 2) experiências de moradia nas ruas; 3) expectativas com relação à moradia; e 4) percepções sobre as políticas públicas de acolhimento e de moradia. Essas questões são respondidas a partir de uma perspectiva etnográfica (Frehse, 2006), que me permite observar o morar na rua qualitativamente, a partir do ponto de vista das pessoas em situação de rua. O estudo foi realizado com pessoas que estavam morando nas ruas no momento da pesquisa, na área central de São Paulo conhecida como \"Triângulo Histórico\". A partir dos resultados sobre as 4 abordagens, o trabalho discute as limitações das políticas públicas existentes, desenhando caminhos possíveis para uma nova prática, mais aderente às especificidades da população em situação de rua. Será então possível observar o grande peso da renda na promoção do direito à moradia, elemento central para compreender o fenômeno morar na rua e pensar políticas públicas efetivas e comprometidas com a justiça social.