O FMI, a política interna dos EUA e a crise da divida dos anos 80

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Cordeiro, Fábio Cereda
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
FMI
IMF
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8131/tde-16022011-143919/
Resumo: Esta pesquisa investiga os fatores de política doméstica que motivam os Estados a delegar determinados temas a organizações internacionais. Com base na abordagem de principal-agente aplicada à delegação internacional, o estudo de caso sustenta que a dinâmica da política doméstica norte-americana foi um determinante importante da delegação da crise da dívida dos anos 80 para o Fundo Monetário Internacional. A hipótese se baseia no argumento teórico segundo o qual a delegação de um tema para uma organização internacional oferece ao ator que delega (em geral o Poder Executivo) uma oportunidade de aumentar sua influência sobre aquele tema em detrimento dos outros atores políticos domésticos. Nesta visão, a delegação pode aumentar a influência do Poder Executivo ao deslocar o poder de agenda sobre o tema para a organização internacional, reduzir o número de pontos de decisão doméstica, criar assimetrias de informação e prover fontes adicionais de legitimidade para as posições do Executivo. Quanto mais agudo for o conflito doméstico sobre um tema, maior será o incentivo para o Poder Executivo delegá-lo a uma organização internacional. Este estudo sustenta que a crise da dívida dos anos 80 foi essencialmente uma crise bancária, e como tal poderia ter sido tratada exclusivamente no nível doméstico norte-americano. A pesquisa apresenta evidências de que, ao enquadrar a crise como um problema de política internacional e delegá-la ao FMI, o Departamento do Tesouro dos EUA aumentou seu controle sobre o tema e reduziu a influência do Congresso, cujas visões e prioridades eram diferentes das do governo. O Executivo norte-americano, a despeito da desconfiança que inicialmente nutria com relação às instituições financeiras multilaterais, decidiu delegar o gerenciamento da crise para o FMI porque suas preferências estavam mais alinhadas com as preferências do Fundo do que com as preferências do Congresso e, portanto, as perdas de agências eram pequenas em comparação com o ganho obtido por impedir o Congresso de adquirir um papel ativo sobre a questão.