Poesia, retórica e educação na Ifigênia em Áulis de Eurípides.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: Weffort, Luis Fernando
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-13062008-150901/
Resumo: Trata-se de pesquisa teórica, de cunho filosófico-educacional, sobre o modo como Eurípides retrata, discute e problematiza, em sua obra, o debate intelectual e político que marcou a vida cultural de Atenas na segunda metade do século V a.C., assim como os seus desdobramentos no campo moral e educacional. Em virtude da dificuldade de tomarmos, neste estudo, como objeto de análise o conjunto da obra conservada de Eurípides, damos destaque à peça Ifigênia em Áulis. Além de abordar explicitamente o tema da educação, essa obra consta entre as últimas composições do poeta, o que nos permite analisar o amadurecimento de suas reflexões poético-filosóficas. A tragédia, embora com características bastante peculiares, insere-se na Grécia como herdeira da tradição poética grega - a épica e a lírica - e da sua missão educadora. Em face das grandes transformações de caráter político, social e cultural ocorridas na Grécia com o desenvolvimento e a consolidação do modelo de pólis democrática - que tem o seu apogeu no século V a.C., um novo perfil de homem, com características bastante diferentes daquelas projetadas em torno da nobreza aristocrática palaciana, vai ser exigido. Reconfigurando as estruturas do mito e valendo-se dos meios expressivos do teatro, a tragédia vai exercer em Atenas, que se tornara, então, o principal pólo cultural, político e econômico da Grécia, o seu ofício poético-pedagógico de direcionar o olhar dos homens para as questões essenciais da vida na pólis. A posição tradicional da arte dramática parece não satisfazer Eurípides. É certo que não lhe faltava a consciência de sua missão pedagógica. Não a exercia, porém, no mesmo sentido de seus antecessores, mas sim mediante a participação apaixonada nos problemas da política e da vida espiritual de seu tempo. A crítica euripidiana, cuja força purificadora reside na negação do convencional e na revelação do problemático, nos faz olhar para as contradições e as idiossincrasias de uma educação em tempos de crise. Na Ifigênia em Áulis, que ora examinamos, Eurípides põe em questão o próprio paradigma heróico, base da educação tradicional aristocrática, suscitando uma reavaliação do conceito de herói e de seu significado na formação do homem grego. Por outro lado, sempre sob o peso artístico de uma erística ousada e vigorosa, a dinâmica dialética desse drama, complexa e tão bem articulada, ilumina a questão dos limites da ação educativa e de seus fundamentos. E o imponderável, que paira sobre a existência do homem, é lembrado, como o grande obstáculo à elaboração de um modelo definitivo e seguro de educação.