Quanto mais cedo melhor (?): uma análise discursiva do ensino de inglês para crianças

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Garcia, Bianca Rigamonti Valeiro
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8147/tde-29032012-154615/
Resumo: Atualmente, é notável a expansão do oferecimento de aulas de inglês para crianças pequenas no Brasil. As modalidades disponíveis no mercado são variadas e os pais que se interessam por elas podem optar por cursos específicos de língua estrangeira, escolas internacionais, bilíngues, ou até mesmo escolas regulares que ofereçam aulas de inglês incluídas em suas grades curriculares. De qualquer maneira, todas elas são acessíveis quase que exclusivamente por meio do ensino privado. Ancorados nos pressupostos da Análise do Discurso desenvolvidos na França (Pêcheux, 1975), e no Brasil (Orlandi, 2001; Coracini, 1998),analisamos as representações de criança, língua estrangeira e ensino de língua estrangeira presentes nos dizeres da legislação brasileira, da mídia (reportagens e sites institucionais) e de coordenadoras da área, buscando compreender de que forma as justificativas da inclusão desse componente curricular se materializam e com quais sentidos se relacionam. Esta análise nos permitiu depreender certas regularidades nos sentidos: em primeiro lugar, as representações de criança veiculam duas perspectivas dominantes: a de um ser passivo, que aprende rápido por não realizar processos mentais complexos e uma outra relacionada à ideia de um trabalhador em potencial. Em segundo lugar, quanto às representações de ensino de LE, há dizeres que referem o processo de aprendizagem como absorção, ou, então, modelagem de comportamentos. As representações de LE, por sua vez, remetem majoritariamente a um sentido de garantia de sucesso da vida profissional. Finalmente, pudemos concluir que a prática do ensino de inglês para crianças emerge de uma cadeia discursiva cujos sentidos estão maciçamente alinhados com os dizeres do mercado neoliberal. A análise das justificativas pedagógicas do ensino de inglês para crianças tornou-se, uma análise das projeções da criança no mercado de trabalho e da naturalização da lógica capitalista para a formação e preparação das crianças de elite. Assim, parece que o mais cedo do aprendizado linguístico coincide com o mais cedo da aceitação das práticas do mercado na educação e também da euforização da produtividade, excluindo, até da mais precoce infância, o acesso ao ócio ou a não-obrigatoriedade da produção.