Com quantas línguas se faz um país? Concepções e práticas de ensino em uma sala de aula na educação bilíngue

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: Moura, Selma de Assis
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-06062009-162434/
Resumo: A pesquisa investiga as concepções e teorias subjacentes às práticas didáticas propostas por professores em uma classe de 1º ano do Ensino Fundamental em uma escola bilíngüe. O trabalho parte de uma desconstrução do mito de monolingüismo no Brasil, apontando para a pluralidade lingüística e cultural que constitui a sociedade brasileira apesar das políticas de planificação lingüística. Define os conceitos de bilingüismo, educação bilíngüe e escola bilíngüe apoiando-se nas definições multidimensionais propostas por Hamers, Blanc, Mackey, Valdés e Figueroa, que levam em conta não apenas a proficiência nas duas línguas, mas o uso das línguas em situações de comunicação, e o bilingüismo visto como um processo em construção ao invés de um produto acabado. Os contextos bilíngües presentes no Brasil são enumerados em escolas bilíngües indígenas, escolas LIBRAS-português para surdos, escolas de fronteiras nos países do MERCOSUL, escolas internacionais e escolas bilíngües de prestígio, apresentando alguns aspectos históricos e sociais relativos à presença de cada um desses contextos na sociedade, sobretudo a conscientização dos direitos de terceira geração, como os direitos lingüísticos. Adota uma metodologia de pesquisa etnográfica, analisando em nível micro-sociológico um contexto específico, uma sala de aula de 1º ano do Ensino Fundamental em uma escola bilíngüe de prestígio, levantando dados por meio de observações e entrevistas. Analisa as práticas didáticas propostas por professores encontradas no trabalho de campo e as teorias a elas subjacentes, identificando um programa de imersão baseado na teoria de aquisição natural das línguas proposta por Krashen (natural approach), que propõe uma aquisição inconsciente da língua, semelhante à língua materna, valorizando os aspectos afetivos, lúdicos e comunicativos da língua. Encontra uma ambigüidade nas práticas de alfabetização expressa por uma visão mais ampla de alfabetização em língua portuguesa do que na língua inglesa, e relaciona-a a aspectos culturais presentes na assimetria entre metodologia de ensino e na concepção de material didático em cada língua. Relaciona a realidade encontrada em sala de aula com aspectos macro-sociais em uma perspectiva de mútua influência entre escola e sociedade, observando que o aumento do interesse pelo ensino-aprendizagem de línguas hegemônicas pode tanto constituir uma forma de aprofundamento das desigualdades sociais quanto instrumentalizar os indivíduos para terem acesso a uma amplitude maior de conhecimentos historicamente construídos.