Ecologia de foraminíferos bentônicos das regiões da Passagem do Drake e Ilha de Marambio, Península Antártica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Passos, Camila Cunha
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/100/100136/tde-25092019-152107/
Resumo: A região da Península Antártica (PA) é importante para a circulação oceânica e o equilíbrio da temperatura global, além de ser detentora de grandes reservatórios de água doce e reservas de hidrocarbonetos e de hidrato de gás. Organismos bentônicos desses locais, como os foraminíferos, respondem de forma rápida a variações ambientais e são bastante utilizados em estudos de monitoramento mais precisos. Neste trabalho foram analisadas associações de foraminíferos em relação a parâmetros granulométricos e geoquímicos (elementos maiores e traço) de regiões ricas em hidrato de gás, situadas na PA. Para tal objetivo foram analisados sedimentos superficiais e subsuperficiais de: 1) região costeira (profundidade < 11 m) da Ilha de Marambio (IM), Mar de Weddell e 2) Passagem de Drake (PD). Na PD foram coletados 5 testemunhos (8 cm de comprimento) a 480 m de profundidade (D1) e 2 testemunhos (20 cm de comprimento) de 3800 m de profundidade (D2). Os valores de densidade e diversidade de foraminíferos encontrados aqui raramente são descritos na literatura para a região antártica. Contatou-se que as associações de foraminíferos da região da PA são constituídas por diversas espécies monotalâmicas e aglutinantes. A análise de agrupamento evidenciou associações com diferentes atributos ecológicos. Nas biocenoses da IM observou-se predominância de foraminíferos monotalâmicos de carapaça orgânica ou predominantemente orgânica (Psammosphaga magnetica e allogromiídeos), que apresentaram alta densidade e diversidade em sedimentos lamosos, ricos em nutrientes e valores elevados de oxigênio dissolvido. Já as biocenoses da região D1 apresentaram dominância de foraminíferos calcários, em particular de Epistominella exigua, indicadora de ambiente rico em fitodetritos. Nas tanatocenoses foram observadas predomínio de espécies aglutinantes como Deuterammina grisea e Cribrostomoides jeffreysii, com valores de densidade e riqueza aumentando da base ao topo em todos os testemunhos. Nos testemunhos da área D2, tanto na bio quanto a tanatocenose houve dominância de espécies típicas de ambiente hipóxico e rico em matéria orgânica (e.g., Adercotryma glomeratum e Spiroplectammina biformis) e baixos valores de densidade e riqueza. A morfometria das carapaças da Passagem de Drake (D1 e D2) apontou aumento significativo de A. glomeratum com a profundidade, provavelmente relacionado a adaptações a regiões profundas e a estabilidade ambiental. A Análise de Componentes Principais revelou que oxigênio dissolvido do sedimento, granulometria, porcentagem de CaCO3, concentração de potássio (D1), bem como concentrações de elementos maiores e traços (D2) foram as principais variáveis que influenciaram a distribuição das espécies. Não foi possível identificar alterações nas associações e em relação aos padrões ecológicos, devido às emanações de hidrato de gás. Assim, ressalta-se a necessidade da realização de mais estudos, como análises morfológicas e químicas das carapaças dos foraminíferos, principalmente em espécies aglutinantes, ainda mais em regiões como a PA, reconhecidamente mais sensível as mudanças climáticas e de enorme importância para o equilíbrio do clima da Terra