Avaliação comparativa das modalidades de tratamento para Estenose Aórtica em hospital terciário do SUS: Análise de desfechos clínicos e de custo do Implante por cateter de prótese aórtica vs cirurgia de troca valvar

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Saad, Gabriel Prado
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/98/98132/tde-24102024-111503/
Resumo: Introdução: O implante por cateter de válvula aórtica (TAVI) surgiu há aproximadamente 20 anos e desde então evoluiu a ponto de se tornar a modalidade de tratamento de escolha da Estenose aórtica em grande parte dos pacientes (pts) acometidos por essa condição, em substituição à cirurgia de troca valvar aórtica convencional (SAVR). Nos dias atuais, o TAVI não é amplamente disponibilizado a pts assistidos no SUS, e questionamentos quanto a seus resultados clínicos na realidade da saúde pública nacional bem como os custos associados a esse tratamento, comparativamente a SAVR são justificados. Objetivos: analisar o perfil de pts submetidos ao tratamento da estenose aórtica em hospital terciário do SUS; analisar os custos associados às duas modalidades de tratamento, seus principais componentes e estimar a custo-utilidade do TAVI neste cenário. Métodos: Estudo unicêntrico, retrospectivo, com análise de desfechos clínicos em até 30 dias do procedimento. Foram avaliados ainda os custos de materiais e de profissionais envolvidos intra-procedimento, de acordo com dados institucionais locais. Dados a respeito do custo de internação foram internação extrapolados da literatura. Resultados: De 01/01/2018 a 31/12/2022, 320 pts foram selecionados (139 submetidos a TAVI e 181 a SAVR). TAVI foi indicado a pacientes mais idosos (77.9 anos vs 64.9 anos, p<0,001) e de maior risco cirúrgico (STS 3.62% vs 1.64%, p<0,001); O TAVI associou-se a menores taxas de desfechos clínicos maiores como óbito (2,8% vs 5,0%), AVC (0,7% vs 3,3%), re-hospitalização (2,2% vs 4,4%), porém sem atingir significância estatística; a ocorrência de insuficiência renal aguda (2,9% vs 16%, p < 0,001), complicações hemorrágicas (1,4% vs 8,3%, p=0,010) e complicações infecciosas (3,6% vs 14,9%, p<0,001) foi significativamente menor com TAVI. A taxa de implante de marcapasso definitivo foi similar entre os grupos (4,3% vs 3,3%, p=0,769) e os pacientes submetidos a SAVR apresentaram menos complicações vasculares (5,8% vs 1,1%, p=0,023). Pacientes submetidos ao TAVI apresentaram ainda significativa redução de eventos adversos considerados relevantes e re-hospitalização (31% vs 42%, p=0,047), com menor tempo de internação total (3,4 vs 11,6 dias, p<0,001) e em UTI (1.1 vs 5.1 dias, p < 0,001). O custo médio estimado para uma internação TAVI situou-se entre R$ 66.059,00 e R$ 69.276,50, e da internação cirúrgica entre R$ 16.028,20 e R$ 40.853,50. O custo da bioprótese transcateter foi responsável por 75,7% a 79,3% do custo total da internação índice para TAVI. Análise exploratória de custo-utilidade estimou um custo de R$ 2.583,91 por unidade clínica de sobrevida livre de eventos adversos e re-hospitalizações em 30 dias. Conclusão: Neste estudo conduzido em hospital terciário do SUS, o TAVI revelou-se como tratamento seguro e eficaz, com taxas de complicações inferiores à cirurgia de troca valvar aórtica, a despeito de ter sido indicado a indivíduos mais idosos e de maior risco cirúrgico; o TAVI resultou ainda em menor tempo de internação. Em nossa amostra, os custos do TAVI foram significativamente superiores aos da SAVR, principalmente devido ao custo da bioprótese aórtica transcateter. Pela análise exploratória de custo-utilidade demonstrada, é possível que, com maior tempo de seguimento, o TAVI possa apresentar-se como um tratamento custo-efetivo do ponto de vista de saúde pública.