Efeito agudo da pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP) no peso em pacientes com apneia obstrutiva do sono

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Lima, Giovani Farias
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5150/tde-24042024-123147/
Resumo: INTRODUÇÃO: Estudos recentes demonstraram que o CPAP para o tratamento da apneia obstrutiva do sono (AOS) leva a ganho de peso modesto, em períodos que variaram de 1 semana a 6 meses. No entanto, os mecanismos pelos quais o CPAP leva a ganho de peso não são claros. O acúmulo de líquido é um efeito bem conhecido da ventilação com pressão positiva. Um estudo recente mostrou que o ganho de peso após uma semana de CPAP se deveu a acúmulo de líquido. Nossa hipótese foi que o acúmulo de líquido e consequente ganho de peso ocorre durante a primeira noite de tratamento com CPAP. MÉTODOS: Pacientes com diagnóstico de AOS grave (índice de apneia e hipopneia (IAH) 30 eventos/h) sem tratamento prévio foram recrutados para um estudo randomizado e controlado. O estudo foi realizado em duas noites consecutivas. Na primeira noite, os participantes foram submetidos a uma polissonografia (PSG) basal. Na noite seguinte, os participantes foram randomizados para dois grupos: controle (PSG basal repetida) e CPAP (titulação da pressão de CPAP). Medidas antropométricas e composição corporal (bioimpedância elétrica) foram avaliadas duas vezes durante cada etapa do estudo, antes de dormir e ao acordar. O volume urinário noturno e a osmolalidade urinária foram determinados na urina coletada durante o período da PSG. Hormônio antidiurético (ADH) e Peptídeo Natriurético tipo B (BNP) foram determinados através de amostra de plasma de manhã, ao término da PSG. O desfecho primário foi o efeito do CPAP na variação de peso e diurese entre as etapas do estudo. O efeito do CPAP no número de episódios de noctúria, osmolalidade urinária, BNP e ADH constituíram os desfechos secundários. RESULTADOS: Trinta e oito pacientes (60% homens; idade: 54 ± 9 anos; índice de massa corporal (IMC): 40,0 ± 5,7 kg/m²; IAH: 71,3 ± 24,5 eventos/h; Escala de Sonolência de Epworth: 14 ± 6) completaram o estudo (n=19 em cada grupo). A variação do peso entre a primeira e a segunda manhã no grupo controle e CPAP foi de -0,30 ± 0,46 kg vs. 0,37 ± 0,55, respectivamente (P<0,001). A variação do volume urinário entre a primeira e segunda noite no grupo controle e CPAP foi de 42 ± 252 vs. - 269 ± 228 ml, respectivamente (P=0,087). A variação da osmolalidade urinária entre a primeira e segunda noite no grupo controle e CPAP foi de -52 ± 191 vs. 117 ± 118 mOsm/kg, respectivamente (P=0,005). A variação do número de episódios de noctúria entre a primeira e segunda noites nos grupos controle e CPAP foi de 0 [ -1 a 0] vs. 0 [0 a 1] episódios, respectivamente (P=0,007). A pressão média do CPAP foi de 8 ± 2cmH2O. Não foram observadas alterações significativas entre os grupos quanto a composição corporal, ADH e BNP. Foi observada associação entre a variação de peso entre a primeira e a segunda manhãs e a variação do número de episódios de noctúria (R= -0,402; P=0,012). Também se observou correlação entre a variação de peso com a variação de água extracelular (R= 0,322; P=0,049) e com a variação da água de membros inferiores (R= 0,416; P=0,009) entre a primeira e segunda manhãs. O volume urinário na segunda noite correlacionou-se ainda com a variação de peso entre a primeira e segunda manhãs (R=-0,476; P=0,002). CONCLUSÕES: O tratamento com CPAP para tratamento da AOS grave levou ao ganho de peso durante apenas uma noite através de acúmulo de líquido