Da inocência à experiência: primeira memória e o rito de passagem da puberdade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2004
Autor(a) principal: Marçal, Marcia Romero
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8145/tde-02092022-171406/
Resumo: Esse estudo tem como objetivo analisar a relação de Primera memoria (1959), obra de Ana María Matute, com o rito de passagem da puberdade e o romance de formação. O ingresso da protagonista no mundo adulto, no romance, implica o desvendamento deste mundo e sua reconciliação com o meio social através de uma adesão de classe. A protagonista passa por experiências que a levam a conhecer as instâncias de poder de sua sociedade, seus mecanismos de controle social e político, seus códigos de exclusão social, as relações sociais de dominação, a correlação de forças entre as classes antagônicas e as artimanhas de conservação da hegemonia da classe dominante. A entrada no mundo da experiência é representada como uma descida aos infernos. Observamos, assim, como o espaço e as personagens são caracterizados por elementos do universo demoníaco. Este decorre de uma realidade histórica marcada pela Guerra Civil Espanhola e pela estrutura arcaica e perversa da sociedade insular. A entrada no mundo adulto é narrada da perspectiva de uma narradora adulta que procura confessar um grave delito cometido no passado ao mesmo tempo em que busca justificá-lo por meio de estratégias narrativas que reforçam sua inocência. O ponto de vista centrado na personagem criança, as imagens simbólicas ligadas ao significado das ações do enredo, a hesitação entre o sonho e a realidade e os deslocamentos das estruturas do conto maravilhoso são recursos mobilizados pela obra para reproduzir a perspectiva infantil da protagonista, eximindo-a de uma culpa que está sendo confessada e relatada