O medicamento como problema de saúde pública: contribuição para o estudo de uma mercadoria simbólica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1990
Autor(a) principal: Lefevre, Fernando
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6135/tde-03082016-153533/
Resumo: Na perspectiva da Saúde Pública e da Educação em Saúde Pública, através de uma pesquisa de geração de hipóteses, buscou-se analisar o sentido do medicamento, em nosso país, no momento presente. Tendo como amparo teórico-filosófico geral a dialética e como amparo instrumental-analítico a semiótica, considerou-se o medicamento de três pontos de vista: do ponto de vista do social, do ponto de vista do indivíduo e do ponto de vista do médico, considerados como instâncias capazes de atribuir sentido ao medicamento. Do ponto de vista do social, considerou-se que a saúde está sujeita hoje, em nosso país, a um processo de reificação/simbolização e que o medicamento pode ser considerado, no bojo deste processo, como uma mercadoria simbólica. Do ponto de vista dos indivíduos (representados pelos pacientes hipertensos), considerados ao mesmo tempo como objetos de um esforço social de inculcação ideológica e como sujeitos produtores autônomos de sentido, pode-se dizer que o medicamento aparece, associado a uma ampla temática correlata, como símbolo ambíguo, que remete ao mesmo tempo à Saúde e à Doença. O ponto de vista do médico (o terceiro grande agente atribuidor de sentido ao medicamento) foi analisado sob a rubrica: relações simbólicas mantidas com o medicamento pelo prescritor médico. Como conclusão do trabalho são levantadas seis hipóteses relativas ao sentido do medicamento para os indivíduos. Seria possível, evidentemente, levantar hipóteses sobre o sentido do medicamento para o social e para o médico. Optou-se pelo indivíduo considerando que, tradicionalmente, a Educação em Saúde Pública é vista como prática de intervenção sobre indivíduos e grupos, sem desconsiderar o fato de que os comportamentos destes indivíduos e grupos são determinados, em última instância, a nível macrossocial. As hipóteses dizem respeito aos seguintes temas: - o medicamento e a oposição: natural x artificial; - o medicamento e a relação de comunicação; - o medicamento como símbolo ambíguo de saúde e doença; - o medicamento e a moral: obediência e transgressão; autonomia e heteronomia; - o medicamento e o desejo: eficiência e eficácia simbólica; - o medicamento e a relação de consumo. As hipóteses relativas a estes seis temas serão consideradas pontos de partida para trabalhos posteriores, em que se buscará verificar, em populações específicas, a veracidade e a pertinência das afirmações nelas contidas. Pretende-se que o presente trabalho dê lugar à criação de uma linha de pesquisa em Educação em Saúde Pública, que tenha como núcleo a produção do sentido da Saúde na sociedade brasileira contemporânea.