O efeito intergeracional no peso ao nascer e suas relações com as condições maternas, em crianças nascidas a termo no Hospital Universitário da USP

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Costa e Silva, Leide Irislayne Macena da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5141/tde-08122014-152936/
Resumo: JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: Vários estudos têm mostrado o peso ao nascer de ambos os pais como preditor do peso de nascimento do descendente, com correlação mais fortemente transmitida através da linhagem materna, sugerindo que exposições desfavoráveis à mãe desde a sua própria vida intrauterina até os períodos de pré-concepção e gestacional, além dos genes herdados, influenciam o tamanho ao nascimento da prole. A preocupação atual se relaciona ao ciclo intergeracional do baixo peso ao nascer ou do peso ao nascer elevado entre gerações, com todos os agravos imediatos e a longo prazo que estão implicados em nascer pequeno para a idade gestacional e/ou baixo peso ou grande para a idade gestacional e/ou macrossômico. O presente trabalho tem o objetivo de estudar a correlação entre o peso ao nascer da criança com o peso ao nascer da mãe, com as condições maternas, em crianças nascidas a termo no Hospital Universitário da USP (HU-USP). MÉTODOS: Foram identificados 773 binômios mães-crianças, 773 crianças nascidas de 558 mães, com a informação documentada do peso ao nascer tanto do bebê quanto da mãe. As informações referentes aos antecedentes maternos, pré-natal e parto, e as medidas antropométricas de nascimento da criança e da mãe foram obtidas através do registro em prontuários, sendo 83,8% das mães nascidas no HU-USP. Foram constituídos grupos de estudo de peso ao nascer da criança [< 2.500 gramas (g) e >= 3.500 gramas (g)], e também foi realizado o estudo do comprimento ao nascer da criança <= 47,5cm (quartil inferior). Foram utilizados Chi-quadrado ou teste exato de Fisher, Spearman\'s Rho, e Odds-Ratio para investigar as relações entre o peso e comprimento ao nascer das crianças com variáveis maternas e das próprias crianças. RESULTADOS: As meninas (nascidas entre 1999-2014) foram mais pesadas ao nascer do que as suas mães (nascidas entre 1972-1998), com uma média no aumento do peso ao nascer de 79g entre as duas gerações. O peso ao nascer da criança < 2.500g não apresentou correlação alguma com o peso ao nascer materno < 2.500g (Fisher 0,264*; Spearman´s Rho 0,048; OR 2,1 e OR lower 0,7), e com a estatura materna na gestação no quartil inferior (< 157cm) (Chi2 sig 0,323; com Spearman´s Rho 0,036; OR 1,5 e OR lower 0,7). O baixo peso ao nascer da criança (< 2.500g) foi levemente correlacionado com o uso de drogas pela mãe durante a gestação (Fisher 0,083*; Spearman´s Rho 0,080;OR 4,9 e OR lower 1,0). O peso ao nascer da criança < 2.500g mostrou correlação acentuada com a idade gestacional menor que 38 semanas e 3 dias (Chi2 sig 0,002; Spearman´s Rho 0,113; OR 3,2 e OR lower 1,5). O peso ao nascer da criança >= 3.500g apresentou forte correlação com o peso ao nascer materno >= 3.500g (Chi2 sig 0; Spearman´s Rho +0,142; OR 0,5** e OR upper 0,7); sendo que quanto maior o IMC pré-gestacional da mãe maior a correlação com o peso de nascimento da criança >= 3.500g [(IMC materno pré gestacional >= 25,0 kg/m2 com Chi2 sig 0,013; Spearman´s Rho 0,09; OR 1,54 e OR upper 2,17) e (IMC materno pré gestacional >= 30,0 kg/m2 com Chi2 sig 0; Spearman´s Rho 0,137; OR 2,58 e OR upper 4,26)]. O peso ao nascer da criança >= 3.500g também foi correlacionado com o parto cesareano (Chi2 sig 0; Spearman´s Rho +0,132; OR 0,5** e OR upper 0,8). O comprimento ao nascer da criança no quartil inferior (<= 47,5cm) mostrou-se significante em mães que nasceram com peso < 3.500g (Chi2 sig 0; Spearman´s Rho -0,154; OR 3,2** e OR lower 1,8). O comprimento ao nascer da criança <= 47,5cm apresentou forte correlação com o uso de drogas pela mãe durante a gestação (Chi2 sig 0,004; Spearman´s Rho 0,105; OR 4,3 e OR lower 1,5). O comprimento ao nascer da criança <= 47,5cm apresentou tênue correlação com a estatura materna no quartil inferior (< 157cm) e com o tabagismo na gestação, evidenciados pelo Chi2 sig 0,012; Spearman´s Rho 0,091; OR 1,6 e OR lower 1,1 e Chi2 sig 0,012; Spearman´s Rho 0,091; OR 1,7 e OR lower 1,1, respectivamente. CONCLUSÕES: O peso de nascimento da mãe >= 3.500g e o sobrepeso ou obesidade pré-gestacional materna foram correlacionados com o peso ao nascer da criança >= 3.500g e maior comprimento ao nascer do recém-nascido, acoplado à tendência do aumento do peso ao nascer entre gerações de mães e filhas. Também, os descendentes com menores comprimentos ao nascimento são os filhos das mulheres com as mais baixas estaturas. A co-existência do ciclo intergeracional da obesidade e da \"falência do crescimento\" se mostrou presente na população estudada