Da forja da mão à invenção do olhar: por uma história outra da arte na educação no Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Sabino, Kelly Cristine
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-24062021-185429/
Resumo: O presente estudo propõe-se a investigar, na esteira da teorização foucaultiana, as transações discursivas entre a arte e o campo educacional brasileiro; mais especificamente, dedica-se a analisar a emergência e a proveniência dos discursos sobre o ensino da arte no meio escolar, a reboque da inquietação acerca de como se deram tal encontro, seus deslocamentos e suas repercussões no presente. O procedimento analítico adotado ancora-se na perspectivação arqueogenealógica foucaultiana: por um lado, visa-se compreender arqueologicamente as modulações discursivas que se materializaram em determinadas narrativas de cunho pastoral sobre a arte na educação; por outro, pretende- se circunscrever genealogicamente a emergência de determinadas práticas dedicadas ao ensino da arte, as quais são caracterizadas por um conjunto de imperativos discursivos renitentes em circulação no campo investigado. Tendo como horizonte teórico-procedimental a noção de arquivo, a investigação toma inicialmente os discursos sobre ensino da arte presentes em 55 periódicos científicos brasileiros de destaque da área de educação, entre 1996 e 2019, com o objetivo de explicitar alguns debates contemporâneos acerca da díade arte/educação. A fim de circunstanciar a discursividade anterior ao período em foco, um segundo movimento analítico requereu o tratamento da Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos em toda sua extensão, desde 1944. Ambos os arquivos focalizados exigiram um novo recuo temporal: até a institucionalização das práticas de ensino da arte no País, a cargo da Academia Imperial de Belas Artes. Desta feita, os estatutos, os regimentos e os relatórios docentes da Academia foram selecionados para compor o arquivo em tela, que cobriu o período de 1816 a 1935. Ainda, com o intuito de contextualizar os contornos narrativos que antecederam a institucionalização do ensino da arte no Brasil, soma- se um quarto arquivo, constituído por discursos, em Portugal, acerca da importância da arte na Corte, os quais anteciparam a criação da Academia Imperial de Belas Artes. O escrutínio desse contingente arquivístico possibilita configurar a maneira pela qual a forja da mão e, depois, a investida em um tipo de olhar interiorizado sustentaram um acento governamentalizante das práticas educativas em torno da arte. Nessa direção, a crença raramente colocada sob suspeita dos efeitos benfazejos da presença da arte no campo educacional vem atualizando noções/palavras de ordem, como criatividade e expressão, as quais engendram narrativas do pastorado artístico-pedagógico em torno de motes como liberdade, emancipação etc. Com vistas a um endereçamento que passasse ao largo de uma historicização essencialista e ascendente do ensino da arte no País, o estudo ocupou-se de fazer operar mediante ora a recorrência, ora o desuso de determinados apelos teleológicos uma mirada crítica sobre o presente pedagógico, operando, assim, em favor da constituição de uma história outra do encontro da arte com a educação brasileiras.