Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2024 |
Autor(a) principal: |
Leite Junior, Nilson de Jesus Oliveira |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
|
Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
|
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: |
|
Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47134/tde-11092024-125724/
|
Resumo: |
As pessoas em situação de rua têm seu contexto de vida caracterizado por privações de acesso a direitos, pobreza, violência e estigmatização; contudo, também têm modos de resistência, lutas e estratégias de sobrevivência. Partindo dos conceitos de humilhação social, vergonha e conscientização, buscamos compreender as vivências dessa população em uma perspectiva psicossocial, com foco nos elementos que reduzem e/ou aumentam as possibilidades de uma práxis política. Realizamos uma pesquisa qualitativa entre abril de 2022 e dezembro de 2023 em São PauloSP, que empregou como recursos para a construção dos dados: observação participante, diário de campo e entrevistas semiestruturadas com oito homens adultos em situação de rua. Uma instituição sociocultural que atende esse público foi eleita como local primário para a construção dos dados, mediante visitas semanais para produção de diário de campo e entrevistas; e recorremos a outros espaços públicos e de controle social por onde essa população circula como fonte complementar de construção dos dados, via diário de campo. Com auxílio do software ATLAS.ti, as informações construídas foram analisadas pela ótica da análise temática, na qual as temáticas que emergiram no conjunto de dados foram agrupadas e formaram os temas que foram lidos e interpretados teoricamente originando três categorias: (1) viver nas ruas: as trajetórias de institucionalização e a (re)configuração das redes de apoio; (2) experiências de humilhação social e vergonha: elementos na socialização das pessoas em situação de rua; e (3) os caminhos para a conscientização nas ruas. A primeira, demonstra a conjugação de fatores que levam um sujeito à situação de rua, o amálgama de experiências que conformam o processo de institucionalização, as formas de se organizar e as redes de apoio tecidas nesse processo. A segunda, indica a multiplicidade de vivências que envolvem preconceito, discriminação, humilhação e violência, presentes nas experiências de todos os interlocutores. Estes se manifestam de diversas formas, em múltiplos espaços, com autores variados e têm consequências subjetivas e objetivas, como sentimentos de tristeza, desvalor, inferioridade, internalização da humilhação vivida e afastamento de serviços públicos. A terceira, aponta que a problemática da situação de rua tem sido percebida de distintas maneiras e sob diferentes vieses pelos interlocutores. Alguns compreendem mais empiricamente as vivências nas ruas, mas, em geral, reproduzem a imagem negativa dominante sobre elas, enquanto outros vinculam a sua condição às questões estruturais e conjunturais do país. Apesar de conhecerem movimentos e coletivos de luta, as próprias agruras da vida diária são obstáculos para a organização e mobilização popular. Entendendo a práxis política como uma atividade de transformação da realidade, as categorias de humilhação social e vergonha aglutinam processos resultando no rebaixamento político que podem despotencializar essa população; diferentemente, a conscientização abarca situações que caminham na direção de uma identidade coletiva e de classe que podem potencializar a práxis, por meio da mobilização organizada, humanização das relações, redefinição da autoimagem, processos de grupalização e relações de confiança e solidariedade. Por fim, uma análise crítica da práxis política dessa população deve partir de uma compreensão dialética do viver nas ruas. |