Pobreza multidimensional e bem estar pessoal : um estudo acerca da vergonha e da humilhação

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Moura, James Ferreira
Orientador(a): Castellá Sarriera, Jorge
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/140913
Resumo: Esta tese tem como objetivo geral analisar o impacto da pobreza no bem estar de indivíduos pobres dos estados do Rio Grande do Sul e do Ceará a partir de diferentes dimensões psicossociais (bem estar pessoal, vergonha, humilhação e senso de comunidade). Foram realizados quatro estudos com objetivos específicos. O primeiro estudo tem como objetivo analisar os artigos científicos que focalizaram na relação entre pobreza e bem estar subjetivo de pessoas em situação de pobreza, entre janeiro de 2010 até março de 2014 nas bases de dados Scopus, Web of Science e Sage. Assim, foi realizada uma revisão sistemática com 585 artigos, sendo analisadas de forma aprofundada 21 produções que contemplavam os critérios elaborados. De uma forma geral, averigua-se que a pobreza tem um impacto negativo no Bem Estar Subjetivo (BES), mas há paradoxos específicos que apontam tendências contrastantes. No segundo estudo, o objetivo foi analisar o impacto de diferentes formas de mensuração da pobreza no Bem Estar Pessoal (BEP) de indivíduos pobres dos dois estados pesquisados. Foram realizadas diferentes Análises de Regressão Múltipla, Testes T e Análises Multivariadas de Variância em uma perspectiva comparativa de regiões e de diferentes formas de mensuração da pobreza com 731 pessoas participantes da pesquisa. Novamente, percebe-se que a pobreza independente da forma de mensuração tem um impacto negativo no BEP, porém se observa que a utilização da perspectiva multidimensional tem uma maior capacidade de identificação dos impactos psicossociais da pobreza. O terceiro estudo tem como objetivo analisar os impactos da humilhação contra os mais pobres a partir de diferentes dimensões psicossociais. Foram realizadas Análises Fatoriais Confirmatórias e Modelagem de Equações Estruturais com os mesmos participantes do estudo anterior. Verifica-se que a humilhação pode gerar vergonha, causando isolamento social a partir da diminuição da relação positiva com a comunidade e do bem estar pessoal. As relações comunitárias com os vizinhos não tem uma diminuição expressiva nas pessoas com pobreza multidimensional, podendo este resultado ser entendido como a presença de relações de solidariedade entre os mais pobres. Por fim, o último estudo tem como objetivo analisar o processo de estigmatização da pobreza e suas consequências a partir de relatos de pessoas pobres de Fortaleza e de Porto Alegre. Este estudo de natureza qualitativa realizou dez Entrevistas Episódicas com residentes nas duas cidades mencionadas. Este estudo acrescenta aos resultados da tese considerações referentes a uma atuação de resistência dos indivíduos em situação de pobreza frente esse panorama discriminatório por meio de indignação e de agência a partir do apoio social e da existência de oportunidades concretas. Conclui-se que a pobreza independente da forma de mensuração tem um impacto negativo. Assim, devem-se criar oportunidades reais para as pessoas em situação de pobreza com base no apoio social como mecanismos de superação dessa situação. Igualmente, indica-se a necessidade de desenvolver estudos longitudinais e a validação de instrumentos específicos para esse público.