Comportamento sexual e infecções sexualmente transmissíveis em usuários da profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV: um estudo de coorte prospectivo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Antonini, Marcela
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22132/tde-04112024-080223/
Resumo: A profilaxia pré-exposição (PrEP) é eficaz na prevenção do HIV. Contudo, juntamente com a implementação desta estratégia, surgiram preocupações de uma provável compensação do risco aumentaria a ocorrência de outras infecções sexualmente transmissíveis (IST). O objetivo deste estudo foi avaliar a autopercepção de risco, o comportamento sexual e as IST entre usuários de PrEP ao longo do tempo. Este é um estudo de coorte prospectivo de métodos mistos realizado com usuários de PrEP com mais de 18 anos. Os dados foram coletados em três momentos por meio de entrevistas individuais em centros de saúde de Ribeirão Preto, SP. Foram realizados exames para sífilis adquirida, infecção por Chlamydia trachomatis (CT) e Neisseria gonorrheae (NG) e coletados dados sobre comportamento sexual, como tipo e número de parceiros sexuais, locais de encontro, tipo de prática sexual e uso do preservativo. Os dados foram analisados por meio de teste Z, regressão logística, análise de sobrevivência de Kaplan-Meier e regressão de Cox. A fase qualitativa do estudo foi orientada pelo Modelo de Promoção da Saúde (MPS). O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição proponente. Dentre os 258 (100%) participantes, 61 (23,6%) tiveram alguma IST diagnosticada no baseline, sendo 24 (9,3%) casos de sífilis; 29 (11,2%) de CT e 19 (7,4%) de NG. O tempo de acompanhamento variou de 3 a 28 meses resultando em 646 amostras biológicas coletadas para rastreio de CT/NG. A incidência geral de IST foi de 265,9 para 1000 pessoas-ano. A incidência de sífilis adquirida foi de 191,5 para 1000 pessoas-ano; a de CT de 31,9 para 1000 pessoas-ano e a NG foi de 74,5 para 1000 pessoas-ano. A prevalência de sífilis ativa foi 6,01 (2,15 - 16,81; p<0,001) mais provável entre quem já havia sido diagnosticado com alguma IST anteriormente e 3,01 (1,06 - 8,53; p=0,037) vezes mais provável entre aqueles que relataram prática anilíngua ativa. A positividade para CT/NG foi maior entre as amostras anorretais e 44 (73,3%) diagnósticos teriam sido perdidos se apenas urinas fossem analisadas. A chance de positividade para CT/NG foi 2,55 (1,14 - 5,68; p=0,022) vezes maior entre aqueles que buscavam parceiros em casas de sexo e 2,81 (1,24 - 6,36; p=0,013) vezes maior naqueles que referiram prática anal receptiva. Treze usuários de PrEP participaram da etapa qualitativa. A busca pela PrEP foi motivada pela susceptibilidade percebida de aquisição do HIV. Ter parceria sexual casual foi percebida com risco para a aquisição do HIV e foi referida à necessidade de estratégias proteção sexual mais efetivas e com menor risco de falhas. Os sentimentos expressos percebidos durante o uso da PrEP, destaca-se a satisfação sexual, autocuidado, e a sensação de confiança e segurança conquistada que permitiu mudança no comportamento, possibilitando mais relaxamento e tranquilidade sobre o sexo. Apesar de aumento do uso inconsistente de preservativos e número de parceiros, maioria dos participantes já relatavam essas práticas antes de iniciar a PrEP. Os participantes demostraram boa noção de risco para o HIV e a mudança de comportamento foi sustentada pela segurança de eficácia da profilaxia. Entretanto, os usuários de PrEP permanecerem em risco de outras IST, e por isso os cuidados de PrEP devem ampliar a testagem regular de IST, inclusive de CT/NG, além de intervenções comportamentais para manutenção da profilaxia ao longo do tempo.