Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2021 |
Autor(a) principal: |
Vasconcelos, Ricardo de Paula |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5134/tde-28092021-114014/
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Resumo: |
Introdução: as pandemias de HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis (IST) ainda são um importante problema não resolvido de saúde pública mundial, contando com milhões de novos casos diagnosticados anualmente, e têm crescido de maneira desproporcionalmente mais rápida entre populações específicas, como homens que fazem sexo com outros homens e trabalhadores do sexo. Para o HIV, na última década, foram desenvolvidas novas e potentes tecnologias de prevenção, principalmente aquelas que utilizam medicamentos antirretrovirais, como a Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP). Se por um lado a PrEP está conseguindo reduzir rapidamente as taxas de incidência de HIV nas localidades em que está sendo amplamente implementada, por outro há dúvidas sobre o impacto negativo que a não proteção contra outras IST, a falha na adesão aos comprimidos da PrEP e a compensação de risco podem causar na resposta às IST. Objetivos: este estudo tem como objetivo compreender melhor a ocorrência de IST não-HIV, de compensação de risco e da adesão aos comprimidos da PrEP nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, e identificar os fatores sociodemográficos associados a eles, para que se possa aprimorar a resposta programática às IST. Métodos: o Projeto Demonstrativo PrEP Brasil foi realizado entre 2014 e 2018 nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro para avaliar a aceitação, adesão e proteção contra o HIV pelo uso da PrEP entre populações de HSH e mulheres transexuais caso distribuída gratuitamente. Esse trabalho utilizou as informações dos bancos de dados coletados durante o projeto sobre informações sociodemográficas, rastreamento de IST, relato de compensação de risco e adesão aos comprimidos da PrEP. Foi utilizada estatística descritiva para as ocorrências de IST, compensação de risco e adesão, medida por dosagem de Tenofovir por Dry Blood Spot (DBS), e análise estatística multivariada para identificar os fatores associados a eles. Resultados: foram incluídos 450 participantes, sendo a maioria HSH (94,4%), com a mediana da idade 30 anos (de 18 a 59 e com percentis 25 e 75% de 24 e 35 anos, respectivamente). A raça autorreferida foi branca para 54,0% e 48,2% tinham nível de escolaridade superior completo. O uso de substâncias psicoativas foi frequente (álcool - 54,6%, maconha - 27,3% e uso de Chemsex - 17,8%). Oito por cento dos participantes referiram ser trabalhadores do sexo. Na inclusão do estudo, 34,7% dos participantes tinham teste treponêmico positivo, 8,3% tinham exame positivo para Chlamydia trachomatis e 5,2% para Neisseria gonorrheae. A taxa de incidência ao final de 2 anos de acompanhamento para essas três IST foram de 10,7; 7,4 e 5,8 casos a cada 100 pessoas-ano. A análise multivariada identificou que esteve associado à sífilis incidente o relato de trabalho sexual (HR 3,13 IC95% 1,55-6,31 p < 0,001) e uso de Chemsex (HR 1,97 IC95% 1,04-3,71 p = 0,037). Esteve associado a infecção incidente por CT ou NG o diagnóstico prévio dessas infecções (HR 2,34 IC95% 1,06-5,19 p = 0,036). A ocorrência de compensação de risco foi significativamente maior entre os usuários de Chemsex (HR 2,56 IC95% 1,27-5,17 p = 0,009). No mesmo grupo também foi encontrada adesão aos comprimidos da PrEP significativamente maior (HR 2,92 IC95% 1,26-6,78 p = 0,012). Conclusão: O presente estudo, portanto, sugere que a disponibilização da PrEP é uma oportunidade de manter o acompanhamento longitudinal de uma população altamente vulnerável às IST. O rastreamento mais frequente de IST e o aconselhamento de compensação de risco e de adesão aos comprimidos devem ser adequados de acordo às necessidades de cada indivíduo. Desta forma, ações programáticas em políticas de saúde públicas podem ser adequadas para potencializar a respostas às epidemias de IST |