A promoção da saúde sexual e reprodutiva no ensino médio: os desafios do cenário de escolas que atendem comunidades quilombolas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Silva, Valeria Nanci
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47134/tde-18072018-181622/
Resumo: Este estudo descreve os desafios para promoção da saúde sexual e reprodutiva entre estudantes do Ensino Médio que residem em comunidades quilombolas, utilizando o quadro de Vulnerabilidade e Direitos Humanos (V&DH) para destacar neste cenário os fatores e a dinâmica sócio-programática que aumentam a suscetibilidade às IST/HIV e gravidezes não planejadas. A partir da triangulação de métodos com base em estudo etnográfico que utilizou entrevistas, questionários, e observação participante de práticas de educação em sexualidade, identificamos que a maior vulnerabilidade dos estudantes quilombolas está relacionada a interação dinâmica de seis aspectos. (1) O território quilombola conformados historicamente pelo racismo resultando no empobrecimento, restrição de acesso aos equipamentos públicos de saúde e educação. (2) Transformações no modo de viver nas relações entre os gêneros, étnico-raciais e geracional - produziram novas tensões para o exercício da sexualidade dos jovens estudantes, embora perdurem as expectativas relacionadas às performances sexuais demarcadas pela heteronormatividade e desigualdade entre os gêneros: os meninos são estimulados à prática sexual e das meninas espera-se a abstinência sexual até o casamento. (3) Os educadores, cujo processo de trabalho dificulta a integração do tema no currículo, se sentem despreparados, faltam materiais e incentivos financeiros para o seu envolvimento e há fragilidade de articulação com os serviços de saúde, assim como menor aceitabilidade dos pais em relação a esses programas, menor ainda para as meninas. (4) A qualidade de serviços de saúde disponíveis - frágeis na resolutividade, faltam médicos, exames, medicamentos, sobram dificuldade de referenciamento. Os serviços de saúde não se adequam à cultura local e contribuem para a negligência aos direitos dos jovens em acessar informações, insumos e os programas preventivos. (5) Pais e responsáveis, profissionais de saúde e de educação não reconhece os direitos sexuais e reprodutivos dos estudantes. (6) os discursos e as práticas dos jovens sobre a sexualidade e cuidados preventivos indicam a sua vulnerabilidade individual associada à insuficiência dos conhecimentos sobre prevenção e baixa percepção de risco. O uso pouco consistente dos preservativos, a dificuldade de acesso aos contraceptivos, indicam desafios para os programas educativos e serviços voltados para os jovens. Ao mesmo tempo, a negligência da promoção e proteção dos direitos à saúde sexual e reprodutiva de jovens estudantes, comum a contextos de pobreza e escassez de infraestrutura, é coproduzida na sua singularidade pelo lugar: o estigma e a discriminação associado à comunidade quilombola se somam à precariedade das estradas e do transporte, do acesso à internet e telefone e o desprezo pelas tradições culturais. Ao final do projeto, a escola mostrou ser um local estratégico para promoção da saúde sexual e reprodutiva desses jovens. Para tanto é preciso que os programas de educação em sexualidade identifiquem e abordem, em cada cenário, a singularidade de cada lugar que potencializará ou que dificultará a efetivação dos direitos sexuais e reprodutivo dos jovens, que demanda sua participação no processo