Estimativa do consumo de nitrato e nitrito por escolares da rede pública: um estudo longitudinal

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Loureiro, Marina Paraluppi
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11141/tde-11112021-182608/
Resumo: O consumo de alimentos ultraprocessados pela população brasileira é expressivo. Estes produtos alimentícios levam, em sua formulação, diversos aditivos, dentre os quais se destacam o nitrato e nitrito acrescentados, principalmente, aos produtos cárneos curados com o intuito de inibir o crescimento microbiano, em especial de Clostridium botulinum. Quando presentes nestes alimentos, ao nitrato e nitrito são atribuídas propriedades carcinogênicas devido ao potencial de formação de substâncias denominadas nitrosaminas e nitrosamidas. Ademais, tais compostos também podem ser encontrados naturalmente em alimentos, principalmente de origem vegetal sem, entretanto, promover efeitos deletérios à saúde humana. Diante disso, o objetivo do presente trabalho foi estimar o consumo de nitrato e nitrito por escolares de Guariba-SP. Para isso foi realizado um estudo de caráter longitudinal utilizando um conjunto de dados originais. A população amostral englobou 359 crianças e adolescentes regularmente matriculados em escolas públicas do referido município. A ingestão de nitrato e nitrito foi estimada utilizando quatro recordatórios alimentares de 24 horas como instrumento de avaliação do consumo alimentar, sendo dois para cada fase do estudo (fase 1 equivalente ao ano de 2013 e fase 2 referente ao ano de 2016). Para o cálculo das porções consumidas foi necessária a construção de um banco de dados referente ao teor de nitrito e nitrato nos diversos tipos de alimentos e preparações. A partir deste banco e das quantidades de alimentos consumidas, calculou-se a porção de nitrato e nitrito ingerida por cada aluno. Foram também avaliadas, por meio de análises estatísticas, a existência de associações entre o consumo das substâncias e variáveis como sexo, estado nutricional, idade, renda familiar per capita e inscrição em programa social. Os resultados mostraram que houve redução significativa no consumo de nitrato e nitrito (em mg/kg de peso corporal/dia) entre as fases. Também houve uma diminuição significativa na quantidade de escolares que ultrapassaram os valores de ingestão diária aceitável para ambos compostos nas duas fases da pesquisa. Apesar disso, um contingente elevado de estudantes (106 alunos) ainda consumiu nitrito em valores acima do recomendado na Fase 2. Produtos cárneos foram apontados por serem as principais fontes de nitrito na dieta, enquanto os ultraprocessados diversos contribuíram com o maior montante de nitrato (em mg/kg de peso corpóreo/dia). A ingestão de nitrito associou-se significativamente à idade e ao estado nutricional em ambas as fases e à renda familiar per capita e participação em programa social na fase 1. O consumo de nitrato, por sua vez, relacionou-se de modo significativo à idade nas duas fases e à inscrição em programa de transferência de renda e ao estado nutricional do escolar apenas no primeiro recorte temporal. A ingestão de nitrito e nitrato não se associou ao sexo em nenhum período avaliado. A partir dos desfechos obtidos pôde-se concluir que crianças e adolescentes mais jovens, com menor peso corpóreo e em situação de vulnerabilidade social apresentaram maior risco à exposição excessiva às substâncias. Neste âmbito ressalta-se a importância de políticas públicas que visem promover o consumo adequado e seguro de nitrato e nitrito especialmente por estes indivíduos.