Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Oliveira, Jefferson Elias |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17147/tde-21022020-133826/
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Resumo: |
Achromobacter xylosoxidans é um bacilo Gram-negativo, móvel, não formador de esporos, catalase positivo, não fermentador de glicose e resistente à diversos antimicrobianos. Este bacilo emergente vem sendo reportado como agente causador de pneumonias em indivíduos com fibrose cística (FC), e ceratite, osteomielite, artrite ou sepse em pacientes imunossuprimidos. A prevalência da infecção por A. xylosoxidans em pacientes com FC pode variar de 7,4% a 93,8%, porém, estima-se que em alguns países haja subnotificação, devido à dificuldade na identificação desse agente. A resistência à antibióticos e a capacidade de formar biofilme são os principais fatores que favorecem a permanência da bactéria no trato respiratório dos pacientes com FC, e contribuem para a exacerbação da doença. Em geral, a resposta imune ativada por bactérias Gram-negativas é dependente do reconhecimento do LPS, presente na superfície bacteriana, por receptores do tipo Toll (TLR), principalmente TLR2 e TLR4. Além disso, a ativação destes receptores requer frequentemente o auxílio de co-receptores, como CD14. O papel dos receptores da imunidade inata é bem conhecido para algumas bactérias Gram-negativas que também causam infecções respiratórias, porém ainda não há estudos da participação destes receptores na infecção por A. xylosoxidans. Neste trabalho, nosso objetivo foi avaliar o papel das moléculas CD14 e TLR4 durante a infecção experimental por A. xylosoxidans. Para tanto utilizamos camundongos C57Bl/6, deficientes de CD14 ou de TLR4 infectados com os bacilos via intratraqueal. Nestes animais, determinamos a curva de sobrevivência, e no 1º, 3º e 7º dias após infecção (d.p.i.), diferentes parâmetros foram avaliados nos pulmões, baço ou no sangue circulante. Observamos que 100% dos animais selvagens morrem em até cinco dias, enquanto 100% dos camundongos deficientes de CD14 ou TLR4 sobrevivem ao final de sete dias. No entanto, quando comparadas as três linhagens de animais, observamos que apenas camundongos deficientes de TLR4 apresentam maior carga bacteriana nos pulmões. Além disso, observamos que não ocorre disseminação de bactérias para outros tecidos, e nem diferenças na expressão gênica de Lipocalina-2 (Lcn2) e na produção de óxido nítrico (NO), sugerindo que a resistência dos camundongos Cd14-/- e Tlr4-/- à infecção não está relacionada com o controle da carga bacteriana. Interessante que, no 3º d.p.i., os pulmões de animais deficientes de CD14 ou de TLR4 apresentam menor área de lesão tecidual, menos recrutamento de neutrófilos, edema pulmonar menos intenso, e menor concentração de IL-6, TNF-?, CXCL1, CCL2, CCL3 e de LTB4. Observamos ainda que a infecção por A. xylosoxidans aumenta os níveis séricos de sCD14 e de IL-6, de forma dependente de CD14 ou TLR4. No entanto, 100% dos camundongos selvagens inoculados com bactérias mortas pelo calor sobreviveram e apresentam redução de IL-6 pulmonar e sérica, sugerindo que produtos liberados pelas bactéria vivas são responsáveis pela inflamação pulmonar e mortalidade. Em resumo, nossos dados mostram que a ativação de CD14 ou TLR4, possivelmente por LPS, induz inflamação pulmonar com intenso recrutamento de células, e consequente falência respiratória, resultando em morte dos animais. A citocina IL-6 parece ser o principal mediador deste processo. Assim, sugerimos que CD14 e TLR4 estão intimamente relacionadas com a patogênese da doença, constituindo importantes alvos terapêuticos. |