Relação entre parâmetros de repolarização ventricular e a indutibilidade de arritmias ventriculares durante estudo eletrofisiológico em portadores de doença arterial coronária

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Carvalho, Guilherme Dagostin de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/98/98132/tde-08022022-154454/
Resumo: Introdução: Arritmias ventriculares malignas (AVM) geralmente culminam em morte súbita cardíaca (MSC) e até 80% dos casos ocorrem em pacientes com doença arterial coronária (DAC) pré-existente. Portanto, a identificação de preditores de risco torna-se de fundamental importância. Atualmente, o parâmetro utilizado cotidianamente com essa finalidade é a fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE), que, no entanto, tem sensibilidade limitada, uma vez que, em números absolutos, a maioria dos casos ocorre em pacientes sem disfunção ventricular significativa. Nas últimas décadas, parâmetros de repolarização ventricular têm se mostrado ferramentas úteis na estratificação do risco de morte em diversas condições clínicas. Objetivos e métodos: Este foi um estudo transversal que incluiu pacientes com DAC submetidos a estudo eletrofisiológico (EEF) em um hospital terciário com o objetivo de avaliar a associação entre os parâmetros de repolarização ventricular medidos em ECG de 12 derivações, bem como variáveis clínicas, e a indutibilidade de AVM durante a estimulação elétrica programada. Resultados: 177 pacientes consecutivos foram incluídos na análise. A média de idade foi de 65 ± 10,1 anos e 83,6% eram do sexo masculino. A FEVE média foi de 37,5 ± 13,6% (< 35% em 53,1%); 76,8% tinham história de síndrome coronária aguda (SCA) e MSC anterior abortada ocorreu em 16,9%. Para cada incremento de 10 ms no intervalo QT, observou-se um aumento de 7% na indutibilidade de AVM. O ponto de corte do QT de 452 ms teve acurácia de 0,611 (p = 0,011) para o desfecho proposto. Sexo masculino (OR = 4,18, p = 0,012), FEVE < 35% (OR = 2,32, p = 0,013), uso de amiodarona (OR = 2,01, p = 0,038) e o intervalo QT (OR = 1,07, p = 0,023) foram preditores independentes para indução de AVM. No subgrupo de pacientes com SCA prévia, o intervalo QT permaneceu associado à indução arrítmica no EEF (p = 0,013) na análise univariada; além disso, o intervalo QT acima de 432 ms apresentou área sob a curva operacional de 0,628 (p = 0,009). Quando as variáveis FEVE e intervalo QT foram avaliadas em conjunto, utilizando o ponto de corte de 452 ms, o prolongamento do QT associado a disfunção ventricular significativa aumentou o risco de AVM (OR = 5,44, p = 0,0004). No subgrupo de pacientes com FEVE 35%, a dispersão do QT (QTd) foi significativamente maior naqueles com AVM induzida. QTd > 20 ms teve uma precisão de 0,638 na predição de AVM, com um valor preditivo negativo de 81,3% (IC 95% 63 92,1%). Os demais parâmetros de repolarização ventricular avaliados não se associaram ao desfecho, mesmo após ajustes para SCA prévia e FEVE. Conclusão: O intervalo QT constituiu preditor de risco independente para a indutibilidade de AVM em pacientes com DAC, incluindo o subgrupo com SCA prévia. A combinação de disfunção ventricular e intervalo QT prolongado associou-se a um aumento de 5,44 vezes na indução de AVM. Sexo masculino, uso de amiodarona e FEVE reduzida também foram relacionados à indutibilidade de AVM no EEF.