O efeito da exposição pré-natal ao Canabidiol na facilitação do Status Epilepticus pós-natal

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Sampar, Jordan Fares
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17134/tde-28012022-120006/
Resumo: Os componentes das plantas Cannabis, em especial a espécie Cannabis sativa (CS), são utilizados, desde a Antiguidade, para fins religiosos e terapêuticos. O Canabidiol (CBD) é um fitocanabinoide presente na CS com efeito psicoativo, mas não psicotrópico, alta tolerabilidade e baixa toxicidade, sendo, portanto, ótimo candidato ao tratamento das epilepsias, sobretudo as farmacorresistentes. A epilepsia é um distúrbio cerebral, caracterizado pela hiperexcitabilidade e hipersincronicidade elétrica. As crises duram, em média, um minuto, mas quando se alongam por, pelo menos, cinco minutos, nomeiam-se Status Epilepticus (SE). Uma das maneiras de mimetizá-lo, em estudos pré-clínicos, é mediante a administração de pilocarpina (PILO), agonista muscarínico M1, sistemicamente. Considerando os efeitos positivos da terapêutica com CBD, ainda que os dados sejam considerados incipientes, já que o uso ainda é limitado em janela de tempo prolongadas, muitas gestantes utilizam CS de forma recreacional e indiscriminada. Como consequência, estudos apontam prejuízos pós-natais decorrentes dessa ação, embora a literatura sobre os impactos pós-natais do uso de CBD gestacional permaneça escassa. Dessa forma, a hipótese do presente trabalho é que a pré-exposição a CBD favoreça a facilitação da gênese do SE pós-natal. 10 Ratas Sprague-Dawley receberam CBD subcutâneo, na dose de 25 mg/kg/dia. Os filhotes foram divididos em 10 grupos experimentais (n=8-12), de acordo com o nascimento: P0, P7, P14, P21 e P28, divididos segundo o tratamento materno, controle ou CBD. A concentração plasmática e encefálica de CBD foi quantificada pela técnica de cromatografia liquida de alta pressão acoplada a massas. O tratamento não demonstrou diferenças significativas no peso dos animais filhotes, ainda que, nas mães, elevou o peso de forma estatisticamente significante no GD7, se estendendo a GD14 e GD21. Aos 28 dias pós-natais, os filhotes expostos a CBD, frente à administração i.p. de PILO, apresentaram crises com graus maiores na escala de Racine (1972), bem como maiores índices de gravidade categorizado, e o desenvolvimento de SE, com latência média de 62 minutos. No grupo controle, o SE se fez ausente. Com a imunoistoquímica foi possível avaliar, nas regiões dorsal e ventral dos hipocampos dos animais submetidos a crises, a intensidade de marcação para o receptor canabinoide do tipo 1 (CB1R). Na subárea do corpo de Amon (CA), CA1 ventral e no hipocampo ventral total houve aumento da expressão de CB1R no grupo tratado. No giro denteado (do inglês dentate gyrus, DG), o hipocampo dorsal se mostrou com maior perfil de expressão para CB1R. As subáreas CA2 e CA3 não apresentaram diferença estatisticamente significativa. A análise neuroetológica descreve detalhadamente os comportamentos de crise dos animais controle e CBD e demonstra, de forma estatisticamente significativa, a diferença entre eles.