A cortesia em grupos de estudo: as diferentes estratégias utilizadas por brasileiros e chilenos no contexto acadêmico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Andrade, Adriana Marcelle de Andrade
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8145/tde-09082016-094058/
Resumo: Esta pesquisa se fundamenta na pragmática sociocultural, com o propósito de descrever, dentro do próprio sistema sociocultural a que pertencem os falantes do estudo, a produção e a interpretação das mensagens transmitidas (Bravo, 2010). Pretende-se ir, por um lado, para além da análise da transcrição de um corpus específico (Charaudeau, 2012) e, por outro, abrir novos horizontes para os estudos interdisciplinares, contrastivos e holísticos, cujo objeto seja o uso da linguagem. Assim, como objetivo, esta pesquisa procura descrever e contrastar estratégias pragmáticas, com foco na manifestação da cortesia, em português e em espanhol, em comunidades de fala de São Paulo e Santiago do Chile, indagando quais recursos os interlocutores, universitários em grupos de estudos, utilizam no trabalho de imagem em atos assertivos e exortativos. Para isso, apresentamos uma proposta metodológica que visa a delinear aspectos das construções discursivas, a revelar a complexidade dos fenômenos da interação oral e a variedade de componentes envolvidos em uma situação comunicativa. Nesse sentido, definimos quatro etapas: o enfoque interdisciplinar, a análise do corpus oral, os testes de hábitos sociais (Hernandez Flores, 2002; Contreras, 2004 e Bernal, 2007) e o contraste cross-cultural. O corpus é composto por vinte e cinco horas de gravações em vídeo de reuniões em grupo de estudantes universitários, no Chile e no Brasil, e quarenta testes de hábitos sociais de cada comunidade de fala também. Em uma análise sincrônica, identificamos no contexto brasileiro, a tendência de o indivíduo projetar a imagem de cordialidade, cooperação e semelhança na gestão da autoimagem. Entre os interlocutores chilenos, a imagem de ordem e a de hierarquia foram as que se evidenciaram. Na gestão interrelacional, destacamos contrastes, além de semelhanças, entre algumas estratégias pragmáticas: o fenômeno da atenuação assertiva, nas intervenções brasileiras, em maior número se associa a posturas afiliativas, na gestão da alo- e autoimagem; no material de análise chileno, a atenuação, muitas vezes é construída como uma estratégia autocêntrica; em ambas as comunidades de fala encontramos mecanismos de autorrepetição e intensificação, vinculados à força argumentativa e fenômenos de heterorrepetição que promovem o contato social; no entanto, no contexto chileno, a heterorrepetição ocorre na expressão do desacordo com mais frequência do que no contexto brasileiro; realizados de maneira direta, encontramos atos exortativos, como a petição, em interações brasileiras e chilenas, mas nas primeiras, geralmente, ocorrem atos de justificação, a expressão da diminuição do custo para os ouvintes e, em maior grau, mecanismos de atenuação. Os resultados, que encontraram eco em estudos de outras ciências do comportamento humano, na análise do corpus e nas respostas dos informantes dos testes hábitos sociais, podem sinalizar a projeção de experiências específicas de um corpus a um estilo de cortesia que se estenda a outras situações de comunicação sem prescindir da enorme diversidade do uso da linguagem (Bravo, 2004).