Situação trabalhista, capacidade para o trabalho e expectativa de retorno ao trabalho em pacientes com miopatias autoimunes sistêmicas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Cordeiro, Rafael Alves
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5140/tde-13042023-154857/
Resumo: Introdução: As miopatias autoimunes sistêmicas (MAS) são um grupo de doenças raras que frequentemente afetam indivíduos em idade produtiva. Entretanto, os efeitos das MAS sobre os desfechos relacionados ao trabalho são pouco estudados. Objetivos: Documentar a situação trabalhista, a capacidade para o trabalho e a expectativa de retorno ao trabalho entre pacientes com MAS e identificar os fatores associados a cada um desses desfechos principais. Método: Estudo transversal, unicêntrico, que incluiu pacientes adultos (18-60 anos) com MAS (critério classificatório EULAR/ACR 2017), avaliados no período de setembro de 2019 a março de 2020. A situação trabalhista (atividade remunerada atual: sim versus não) foi obtida através de questionário estruturado. Para estimar a capacidade para o trabalho entre os pacientes que exerciam atividade remunerada, aplicamos o questionário Work Ability Index (WAI; 7 a 49 pontos). Para avaliar a expectativa de retorno ao trabalho entre os desempregados, afastados do trabalho ou aposentados, utilizamos o questionário Return-to-Work Self-Efficacy (RTW-SE; 11 a 66 pontos). A atividade de doença foi avaliada através dos seguintes parâmetros: atividade global pelo médico (escala Likert), força muscular (Manual Muscle Testing, MMT-8), funcionalidade (Health Assessment Questionnaire Disability Index, HAQ-DI), concentração sérica de creatinofosfoquinase e escalas visuais analógicas MYOACT. Também foram coletados dados sobre variáveis sociodemográficas, subgrupo de miosite, duração de doença, dose de prednisona, índice de massa corporal, comorbidades, fadiga (Fatigue Severity Scale, FSS) e saúde mental (Depression, Anxiety and Stress Scale, DASS-21). Foram construídos modelos de regressão logística e linear e as análises consideraram o nível de significância de 0.05. Resultados: A amostra foi composta por 75 pacientes com MAS (sexo feminino: 66,7%; idade: 44,1±9,4 anos; duração de doença: 6,2±4,5 anos). Destes, 33 pacientes (44%) exerciam atividade remunerada, enquanto 42 (56%) não exerciam atividade remunerada (desempregados: 62%; beneficiários de auxílio-doença: 24%; aposentados: 14%). A situação trabalhista associou-se de forma independente à função física avaliada pelo HAQ-DI. O aumento de um ponto no HAQ-DI foi associado com a redução de 66% na chance de exercer atividade remunerada (OR 0,34, IC95% 0.16-0.74, P=0.007). Os pacientes que exerciam atividade remunerada tiveram WAI médio de 33,5±6,9. As seguintes variáveis foram associadas à redução de pontos do WAI no modelo de regressão: sexo feminino (-5,04), diabetes (-5,94), fibromialgia (-6,40), fadiga (-4,51) e ansiedade grave (-4,59). Dentre os pacientes que não exerciam atividade remunerada, a média do RTW-SE foi de 42,8±12,4. A presença de manifestações cutâneas e > 12 anos de estudo formal foram associados a um aumento de 10,6 e 10,9 pontos, respectivamente, no RTW-SE. O aumento de um ponto no HAQ-DI associou-se à redução de 4,7 pontos no RTW-SE. Conclusões: Nossos resultados destacam a baixa participação no mercado de trabalho de uma amostra bem caracterizada de pacientes em idade produtiva com MAS. Estratégias para melhorar os desfechos relacionados ao trabalho e para reduzir o ônus socioeconômico dessas doenças são urgentemente necessárias