Projetos especiais de ação: um estudo sobre a formação em serviço de professores do município de São Paulo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Beltran, Ana Carolina de Viveiros
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-05022013-110554/
Resumo: Os Projetos Especiais de Ação pertencem à história dos professores da rede municipal há quase vinte anos. Implantados, primeiramente, como uma ferramenta para as escolas gerenciarem melhorias em seus contextos, constituem, atualmente, o principal instrumento da formação docente em serviço. Tal formação objetiva provocar efeitos totalizantes, alcançando práticas institucionais e efeitos individualizantes, incitando cada professor a dar visibilidade às suas ações educativas a fim de recompô-las em modos particulares de pensar, fazer e dizer a profissão. Portanto, aliam-se, nos Projetos, uma tecnologia governamental, que busca conduzir e formatar ações escolares, e tecnologias do eu, que permitem, a cada indivíduo em formação, operar mudanças em si mesmo. Daqui, abrem-se e desenvolvem-se os capítulos iniciais do presente trabalho. Um capítulo dedicado a acompanhar disposições legais, publicações oficiais e acontecimentos que foram conformando os Projetos Especiais de Ação à formação docente no âmbito do trabalho; o outro, empenhado em delinear uma lógica de funcionamento desses instrumentos a partir de três eixos permanentes nas diversas configurações que tomaram ao longo das gestões municipais: a autonomia, a centralidade do aluno e a totalização das práticas em favor de alguma qualidade de ensino. Tais eixos acomodaram e levaram aos professores uma miríade de concepções de ensino e educação, mas também delimitaram as regras pelas quais as mudanças na escola e a própria formação poderiam ser pensadas. Contudo, este trabalho filia-se aos referenciais pós-estruturalistas e aos estudos de Michel Foucault, construindo a análise do ponto de vista das relações de poder e dos processos de subjetivação. Por isso, ao aproximar-se da vida que se vive nos tempos e espaços concretos de formação, depara-se com um campo aberto a múltiplas possibilidades de realização. Desse terreno, um horário coletivo de uma Escola Municipal de Educação Infantil, onde as professoras agem, pensam, falam, brincam, riem e produzem-se, destacaram-se os termos teoria e prática e o discurso da vitimização docente. Os primeiros elementos são utilizados intensamente para definir os posicionamentos profissionais e as relações estabelecidas com a formação em serviço; e o segundo fundamenta as maneiras de lidar com a profissão, normaliza o magistério e a infância e modula uma certa terapêutica do espaço formativo. Vidas ressentidas, doentes e frustradas por uma formação que não realiza a escola idealizada, regozijam-se nas satisfações e nos prazeres mais imediatos, mesmo que estes sejam fugazes. As professoras refutam colocar o presente em questão, entregando-se a posturas queixosas; dão as costas à política, restringindo-se a não aderir às propostas públicas de formação; e não assumem o risco de educar, apegando-se aos seus saberes, creditados como tipicamente docentes, e às formas habituais de pensarem a profissão. Não se pretende uma atitude ajuizadora dos modos de esses sujeitos constituírem suas existências profissionais, mas acredita-se que, para se imaginar novos desenhos para a formação em serviço ou para assumi-la como importante ou dispensável para a docência, é preciso perguntar sobre o que se tem feito, atualmente, nos tempos e espaços destinados aos professores pensarem sua profissão.