Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
Beltran, Ana Carolina de Viveiros |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-14122018-162200/
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Resumo: |
A felicidade tem figurado como tema para diversos grupos humanos e indivíduos em diferentes tradições e épocas. Para os professores, não raras vezes, o tempo feliz da profissão tremeluz em uma realidade passada. Atualmente, parece dominar a infelicidade e a sensação de se constituírem como vidas-vítima na profissão. Assim, uma miríade de campos discursivos dirigidos aos docentes prometem-lhes a reversão da situação atual e uma existência mais harmoniosa, apaziguada e feliz na profissão na medida em que se engajem em uma série de saberes, comportamentos e procedimentos destinados ao diagnóstico, a interpretação e a transformação de si mesmo O que faz você feliz você que faz! O que você faz pra ser feliz?. Desde essa perspectiva, pensamos a questão da felicidade no magistério como um objetivo associado a certas formas de exercício profissional, que incita os professores a postarem-se como objetos de sua própria reflexão e transformação. O objetivo de nossa pesquisa é esquadrinhar o funcionamento de uma gama de \"práticas de subjetivação\", nas quais os professores são convocados a se relacionarem consigo mesmos sob formas particulares e a se capacitarem a compreender, falar, avaliar e colocar em ação a si mesmos através de técnicas, exercícios e procedimentos especifícos em nome de determinados fins relacionados ao sucesso, ao êxito e à felicidade. Produzimos um cenário temático que buscou, por um lado, evidenciar que a reivindicação docente por seu paraíso perdido não é tão atual como possa se pensar, atualizando-se em diferentes circunstâncias do século XX, e, por outro, que o acoplamento do trabalho a noções de bem-estar e felicidade não é óbvia e ahistórica. Como plataforma analítica, elegemos os estudos de Michel Foucault e pós-estruturalistas, operando com os conceitos de governamentalidade, tecnologias de governo e tecnologias/técnicas da relação consigo (pragmática de si). As fontes empíricas compreendem três campos discursivos que ganharam força nos últimos anos no Brasil, a saber: o da pedagogia crítica, alinhado ao processo de redemocratização do país; o do mal-estar docente, comprometido com as explicações sobre o sentimento de vazio propiciado pelas mudanças do mundo globalizado; e o da pedagogia das competências, que leva ao limite a aprendizagem pela vida inteira, o aprender a aprender. Assumindo, como critérios metodológicos, a dispersão dos enunciados e os diferentes níveis de circulação e autoridade dos documentos, agregamos, às produções bibliográficas dos campos supracitados, materiais referentes à formação de professores da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo entre os períodos de 1989 a 2000 (transcrição de cursos, seminários e palestras, coletâneas de textos, apostilas, publicações institucionais). Contextualizados em uma sociedade caracterizada como da aprendizagem exigente do aprendiz permanente, os três campos objetivam a produção de um professor reflexivo, e, com isso, mais satisfeito e feliz, dotado de certo tipo de eu interior e de uma essencialidade humana inacabada, definidos como propriedades não somente do profissional, mas da pessoa. Dessa maneira, a engrenagem subjetivadora, levada a cabo para a formação de professores, produz efeitos na profissão e fora dela. |