Artefatos curriculares como tecnologias da governamentalidade neoliberal : lições para o empresariamento da infância
Ano de defesa: | 2023 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Pernambuco
UFPE Brasil Programa de Pos Graduacao em Educacao |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/54176 |
Resumo: | Esta tese, realizada no Programa de Pós-Graduação em Educação da UFPE, no núcleo de Formação de Professores e Prática Pedagógica, intitulada “Artefatos curriculares como tecnologias da governamentalidade neoliberal: lições para o empresariamento da infância”, tem como objeto de investigação práticas discursivas materializadas em artefatos curriculares contemporâneos e o modo como podem atuar no governamento da infância com fins de proporcionar o empresariamento. Esta tese aborda como a governamentalidade neoliberal, através do discurso do empreendedorismo, nas tramas do campo educacional e mais propriamente nas escolas, tem produzido modos de ser infância-empresa. Neste trabalho, os artefatos curriculares são compreendidos como materialidades que compõem o dispositivo biopolítico escola, cujas lições educativas engendradas por tecnologias de poder e de si, rituais e estratégias, operam a partir de uma racionalidade neoliberal. Sendo assim, nossa pesquisa está inscrita nas articulações entre o governo da infância, a governamentalidade neoliberal e o empreendedorismo de si. A análise neste texto de tese apresentou como foco o estudo do governo da infância e a forma como, a partir do discurso do empreendedorismo, que consideramos um dos importantes operadores da governamentalidade neoliberal, o empresariamento de infâncias pode ser produzido. O estudo objetiva explicitar enunciados que remontam à memória discursiva de um modo de ser infância-empresa, bem como analisar as práticas discursivas do governamento da infância que constituem uma racionalidade neoliberal posta em funcionamento a partir dos artefatos curriculares analisados: manual e livro didático. Com o aporte teórico-analítico das discussões de Michel Foucault, Alfredo Veiga-Neto, Sylvio Gadelha, Maria Bujes e Sílvio Gallo, foi possível compreender e analisar artefatos curriculares, como possíveis produtores de subjetivação, operando e fabricando uma infância-empresa no campo da escolarização. Nosso corpus compreendeu o “Manual do Empreendedor Mirim”, material elaborado pelo Programa de Extensão ESAG KIDS, da Universidade do Estado de Santa Catarina; e o livro didático, do aluno, intitulado “Fazendo acontecer: poderes empreendedores”, desenvolvido por uma equipe multidisciplinar, sob a coordenação do professor José Dornelas, um dos grandes especialistas brasileiros em empreendedorismo. Em nossa análise, utilizamos o arcabouço metodológico da abordagem arqueogenealógica dos estudos foucaultianos. A análise problematiza os artefatos curriculares em seus efeitos produtivos do poder, mais especificamente a partir de lições em um sentido ritualístico, de modo a compreender como podem indicar modernas práticas de subjetivação nas infâncias. Demonstramos na análise, a partir do corpus de: 1) lições para empresariar-se; 2) lições de talentos: ritual como sequência/mecanismo de concorrência; 3) lições para ver-se empreendedor: tecnologia de autorreflexão; 4) lições do modelo: tecnologia da história de vida; e 5) lições para se virar sozinho: tecnologia da autonomia. Sendo assim, evidenciamos como a governamentalidade neoliberal, por intermédio da cultura do empreendedorismo, está materializada nos enunciados dessas lições, e podem indicar o governamento das condutas das crianças na atualidade, ou ainda, como essas lições podem modular as crianças, direcionando-as para que sua própria vida se confunda com um empreendimento que se deve gerir. Nessa perspectiva, nosso trabalho propõe uma reflexão para que se possa compreender o que está ocorrendo hoje na educação, em especial nos artefatos curriculares voltados às infâncias para criar/moldar infâncias-empresa. Dito de outro modo, buscamos compreender outras formas de governamento da infância, a partir de práticas discursivas do campo pedagógico, em nosso tempo presente. |